sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015




"Enganados e ignorantes, alguns de nós vivem longos períodos das suas vidas perseguindo as trompetas da glória e acreditando firmemente que sem um mínimo de êxito não há felicidade possível.
A consequência é lógica. Sofremos e sentimo-nos frustrados e infelizes de cada vez que somos obrigados a fazer face a qualquer fracasso, por pequeno e insignificante que seja.
O único remédio para esta confusão reside na capacidade de encontrar uma fonte de valorização que não esteja ligada ao êxito nem ao aplauso. Isto significa, entre todos nós, sermos capazes de conceber uma maneira diferente de nos relacionarmos que não obrigue ninguém a provar que é capaz de chegar mais longe, saltar mais alto ou ter mais do que os outros para ser reconhecido. Se formos capazes de fabricar em nosso redor uma rede de contentamento e de serenidade que permaneça incólume face aos problemas, às frustrações quotidianas e às mudanças de estado de espírito; se desenvolvermos vínculos entre pares que sabem sê-lo simplesmente por pertencerem à comunidade humana, a ilusão do êxito desvanece-se quando nos apercebemos de que essa pertença implica consciência de união e respeito incondicional de todos, pelo que cada um é e não pelo que tem e por quão longe chegou.
A partir dessa perspectiva ser-nos-á mais fácil não ficarmos desesperados quando alguma coisa «não corre bem», porque sabemos que merecemos o reconhecimento, o respeito e a consideração dos outros pelo simples facto de sermos um entre todos.
Não há dúvida de que esta descoberta acabaria, por si só e para sempre, com um dos nossos medos mais primitivos e ancestrais: o de sermos abandonados.
Tenho a certeza de que ensinar este comportamento não competitivo aos nossos filhos desde o primeiro contacto, desde a família, a escola e a universidade, teria um efeito muito profundo e importante. Torná-los-ia, e tornar-nos-ia a nós também, mais receptivos, compreensivos, solidários, mais abertos à alegria de viver." - Jorge Bucay

Sem comentários:

Enviar um comentário