domingo, 8 de fevereiro de 2015



"- Primeiro, temos medo de ser diferentes. Queremos pertencer à tribo e fazer parte da comunidade. No nosso mundo, valorizamos imenso o fazermos todos as mesmas coisas e pensarmos todos de maneira igual. Que irão dizer os meus amigos, se eu seguir o meu próprio caminho e não for igual a eles?, perguntamo-nos. Que irão dizer os vizinhos, se o Joãozinho quiser ser poeta em vez de médico?, perguntam-se os nossos pais. E ao pensar desse modo, quando também nós nos tornamos pais, fazemos as vezes de Deus na vida dos nossos filhos, o que é triste para qualquer ser humano. Em vez de confiarmos neles e de criarmos um ambiente seguro onde eles possam crescer como são, dizemos às crianças o que elas devem fazer quando crescerem, para nós podermos impressionar os vizinhos do lado. A verdade é que os pais o fazem por causa dos seus próprios medos. Os pais dizem aos filhos que devem ser médicos ou advogados e casar com alguém de boas famílias, por causa do medo de parecerem uns falhados, se os seus filhos não se tornarem «pessoas de sucesso», de acordo com parâmetros de sucesso definidos pela nossa sociedade. 
Mas, afinal de contas, o que é o sucesso? Para mim, o sucesso é simplesmente viver a vida de acordo com a nossa própria verdade e com os nossos próprios parâmetros. É abraçar os valores que fomentam o que temos de melhor dentro de nós, independentemente das pressões externas da sociedade. O sucesso é viver criando e percebendo o que é mais importante para nós e não para os outros.
A segunda razão pela qual nos traímos e seguimos o caminho de vida de terceiros é o medo que sentimos da nossa própria luz.
- Importa-se de explicar isso melhor?
- Todas as pessoas à face da terra, todas sem excepção, têm um poder adormecido dentro de si que nem sequer imaginam. Se soubéssemos o quão poderosos e magnificentes nós somos, venerar-nos-íamos todos os dias. Iríamos para o altar das nossa vidas e honrar-nos-íamos constantemente. Amar-nos-íamos a tal ponto que seríamos os heróis e os ídolos das nossas vidas. Não teríamos os medos que temos e não nos limitaríamos como fazemos. Mas, infelizmente, o poder que temos dentro de nós também nos assusta. Com um grande talento vem também uma grande responsabilidade. A um nível profundo dentro de nós, perguntamo-nos se somos capazes de lidar com o potencial assombroso que existe em nós e temos medo da culpa que sentiremos, se utilizarmos mal ou se desperdiçarmos esse nosso poder natural.
- Portanto, negamo-lo. E, ao fazê-lo, calculo que estamos também a negar os nossos destinos.
- Fazemos aquilo a que os psicólogos chamam negação. Trata-se de um mecanismo que todos os seres humanos utilizam para evitar sentirem a dor da verdade. O que todos fazemos é criar uma história ou inclusivamente usar uma linguagem mais forte: mentimos sobre uma coisa e depois iludimos as nossas mentes conscientes, convencendo-as de que é verdade, apesar de as nossas almas saberem que é uma mentira. A negação opera a um nível abaixo da mente consciente, portanto nem sequer sabemos o que estamos a fazer. Sim, negamos a nossa luz. Mas o mais trágico é que negamos também as nossa trevas. Cada um de nós, sem excepção, tem uma parte oculta, um ser-sombra: um segmento de nós próprios que não queremos reconhecer, porque fazê-lo causar-nos-ia vergonha. É essa parte de nós que sente inveja perante o sucesso dos outros; que cobiça tudo, quando outros passam necessidades; que se mostra crítica, quando devia oferecer amor; que age de maneira controladora, quando devia ser solidária; e que compete, quando devia ver que todos nós estamos ligados uns aos outros e que, sempre que um de nós vence, todos vencemos. Todas as pessoas à face do planeta têm uma porção de si mesmas que escondem do mundo. Na nossa incessante demanda por parecermos perfeitos, escondemos essa parte dentro de uma caixa escura. Negamos a sua existência e, ao fazê-lo, negamos uma parte de nós próprios.
Mas há mais. Como negamos uma parte de nós próprios, nunca conseguimos estar plenamente vivos. Mostrar liderança, na tua vida, implica ter a força interior para aceitar todas as partes de ti mesmo, as partes que te agradam e as partes que não te agradam. Assim que o fizeres, desenvolverás um apreço por ti que te ligará a uma vida melhor, muito rapidamente. Tornar-te-ás novamente inteiro... e ser inteiro é ser saudável. Mas são tão poucas as pessoas que o fazem. É muito mais fácil negarmos as nossas partes imperfeitas, apresentarmo-nos ao mundo como criaturas sem falhas e envergar as máscaras da perfeição. E embora lá no fundo saibamos que é uma mentira, fazemo-lo à mesma." - Robin Sharma


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