quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015



"Se vivemos satisfeitos, ter mais perde a importância.
Mas paz interior ou desapego não significa viver distante, desinteressado ou vazio, não significa negar que é imprescindível satisfazer as necessidades básicas mínimas (alimentação, roupa, abrigo, segurança pessoal), nem esquecer as outras (amor, reconhecimento, companhia).
Em todo o caso é apercebermo-nos de que não necessitamos de acumular mais dinheiro, mais êxito e mais fama para nos sentirmos satisfeitos com aquilo que somos. Podemos ser felizes sem possuir um corpo perfeito, sem ver pendurado no nosso roupeiro o melhor casaco de pele, sem nunca ter provado o alimento mais requintado preparado pelo melhor chef  e ainda aceitando que não conseguimos construir um casal totalmente perfeito.
Todos nós somos capazes de imaginar uma vida mais perfeita, e isso não é prejudicial.
O prejudicial, contudo, seria que essa ausência fosse utilizada para definir o nosso rumo, para dar origem a um argumento que nos condenasse a viver em função daquilo que está em falta, a viver a pensar que o poderíamos acrescentar à nossa vida presente para melhorar aquilo que temos...
Aborrece-me que se chame a esse mecanismo «ambição salutar», quando, na realidade, se trata apenas de uma «estupidez infinita».
Desejamos e queremos: o dinheiro, a casa, os carros, o cônjuge, o corpo perfeito, a glória, o poder e o tempo para desfrutar de tudo isso...
Não se pode pedir mais... dizem as pessoas.
Não se pode?
Claro que sim.
Com um pouco de tempo para pensarmos sobre o assunto, todos poderíamos, lamentavelmente, acrescentar uma dúzia de itens a essa lista.
É sempre possível abrir uma nova expectativa que justifique a nossa infelicidade." - Jorge Bucay 

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