domingo, 3 de maio de 2015



"O amor não é essencialmente uma relação com uma pessoa específica; o amor é uma atitude, é uma orientação do carácter que determina a capacidade de uma pessoa se relacionar com o mundo na sua totalidade, e não apenas com um «objecto» de amor. Se uma pessoa ama apenas uma outra pessoa e fica indiferente ao resto dos seres humanos, então o seu amor não é amor mas uma relação simbiótica, ou um egoísmo aumentado. Contudo, a maior parte das pessoas acredita que o amor é constituído por um objecto, e não por uma faculdade. Na verdade, acreditam mesmo que o facto de não amarem mais ninguém senão a pessoa «amada» é uma prova da intensidade do seu amor. Esta é uma falásia. Porque não se compreende que o amor é uma actividade, um poder da alma, acredita-se que tudo o que é necessário é encontrar o objecto certo - e que de seguida tudo irá correr bem. Esta atitude pode ser comparada à de uma pessoa que queira pintar, mas que, em vez de aprender, diga apenas que está à espera que lhe apareça o objecto certo, e que passará a pintar muito bem assim que o encontrar. Se eu amo verdadeiramente uma pessoa amo todas as pessoas, amo o mundo, amo a vida. Se eu consigo dizer a outra pessoa «amo-te», devo ser capaz de dizer «amo-te a toda a gente, amo-te através do mundo inteiro, em ti, eu também me amo a mim mesmo».
Dizer que o amor é uma orientação que se refere a todos e não a um só objecto não significa, contudo, que não existam diferenças entre os diversos tipos de amor, que dependem do tipo de objecto amado." - Erich Fromm

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