terça-feira, 5 de maio de 2015



"Se não gastar todas as suas horas de vigília em insatisfação, preocupação, ansiedade, depressão, desespero ou a ser consumido por outros estados negativos; se for capaz de apreciar coisas simples como ouvir o som da chuva ou do vento; se conseguir apreciar a beleza das nuvens a atravessar o céu ou o facto de estar por vezes sozinho sem se sentir só nem precisar de um estímulo mental ou de entretenimento; se der por si a tratar um desconhecido com uma gentileza sentida sem desejar nada em troca... isso significa que se abriu um espaço, por mais pequeno que seja, naquela que de outra forma seria uma corrente de pensamento incessante na mente humana. Quando isso acontece, verifica-se uma sensação de bem-estar, de paz vívida, mesmo que subtil. A intensidade varia desde uma sensação quase imperceptível de contentamento até àquilo que os antigos sábios indianos chamavam ananda - a alegria do Ser. Uma vez que você foi condicionado para prestar atenção apenas à forma, provavelmente não tem consciência deste estado, a não ser de forma indirecta. Por exemplo, há um elemento comum na capacidade de vermos a beleza, de apreciarmos as coisas simples, de desfrutarmos da nossa própria companhia ou de tratarmos as outras pessoas com gentileza e amor. Esse elemento comum representa uma sensação de contentamento, paz e vivacidade, ou seja, o pano de fundo invisível sem o qual nenhuma destas experiências seria exequível.
Sempre que houver beleza, gentileza e reconhecimento do valor das coisas simples na sua vida, procure a origem dessa experiência dentro de si. Mas não a procure como se estivesse em busca de alguma coisa. Não pode fixá-la e afirmar «Agora apanhei-a!», nem tentar agarrá-la mentalmente e defini-la de algum modo. É como o céu limpo, não tem forma. É espaço; é silêncio, é a brandura do Ser e infinitamente mais do que estas palavras, que são apenas indicadores. 
Quando somos capazes de a sentir directamente dentro de nós próprios, ela aprofunda-se. Por isso, quando apreciar uma coisa simples - um som, uma paisagem, um toque -, quando vir a beleza, quando sentir uma amabilidade afectuosa em relação a outra pessoa, sinta a imensidão interior que é a fonte e o pano de fundo dessa experiência." - Eckhart Tolle 

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