sábado, 16 de maio de 2015



"Sejamos realistas: no fundo de cada um de nós vive um «rezinga» interior. Debatemo-nos regularmente com as formas como nós, as pessoas decentes, respeitosas e sensíveis deste planeta, podemos viver com alguma tranquilidade num mundo cheio deles - os arrogantes, incompetentes, desrespeitosos, malformados e intratáveis. No entanto, muitas vezes o inimigo está dentro de nós. Penso que é muito mais produtivo que nos concentremos nos nossos próprios pensamentos e acções do que nos demais. Afinal, eles já nos obrigam a pensar demasiado nos seus problemas, não acha?
Eu acredito que sou uma boa pessoa e tento dar o meu melhor todos os dias. Aposto que você faz o mesmo. No entanto, à medida que dou conta de como somos prejudicados pelas outras pessoas, deparei com um facto não muito agradável: eu próprio tenho um pouco das características negativas implícitas em cada uma dessas pessoas. Alguns dos meus amigos, dos meus familiares e dos meus parceiros de trabalho poderiam atestar que, afinal, até tenho mais do que apenas «um pouco».
Sei que já magoei outras pessoas, que já disse coisas que não deveria ter dito e que fiz coisas que não deveria ter feito, já cometi inúmeros erros, já fui precipitado, insensato e egoísta. E a lista de defeitos não fica por aí...
Se só o amigo a quem falei mal, o patrão ao qual não dei o meu melhor e o amigo cujas chamadas não devolvi, dessem a sua opinião sobre mim, eu seria visto como um verdadeiro intratável.
Por isso independentemente de quem somos, e de todas as nossas tentativas bem-intencionadas, somos uma mistura de variadíssimos elementos, de coisas das quais gostamos, de outras que toleramos e de outras que gostaríamos que desaparecessem. Mas não é essa variedade de características que faz de nós pessoas más. É precisamente o que nos torna humanos. Como disse Zorba, o Grego: «Eu sou toda a catástrofe.»
Uma das razões pelas quais é importante olharmos para o espelho e encararmos as nossas limitações é que, ao fazermos isso, nos tornamos, forçosamente, mais tolerantes para com os defeitos das outras pessoas. Quando temos uma pessoa difícil na nossa vida, é bom que tomemos consciência de que essa pessoa está apenas a ser humana. Se calhar preferia que essa pessoa fosse ser humana para outro lado, mas... a vida é assim mesmo.
Outra vantagem de sermos tolerantes é a nossa liberdade, a liberdade de nos sentirmos menos irritados, a libertação de mágoas ou de um cérebro cheio de fantasias de vingança, a liberdade de seguir em frente e de desfrutar das coisas boas da vida, e de nos podermos concentrar no que a vida tem de melhor...
Não nos irritarmos não significa que não actuemos quando é necessário ou importante. Quando falo em não nos irritarmos, não estou a desculpar comportamentos destrutivos ou negativos, nem a sugerir que você o faça. Estou, sim, a sugerir que vá assimilando as estratégias, enquanto, ao mesmo tempo, continua a defender o que considera ser correcto e a evitar comportamentos negativos. Ao fazê-lo, penso que a sua vida será mais rica em paz e tranquilidade.
Amigos «rezingas», como conseguimos viver num mundo cheio de gente incompetente, desrespeitosa, arrogante e malformada - por outras palavras, pessoas que, por vezes, agem da mesma forma que nós? Perdoando a nós próprios, e, ocasionalmente, a certas pessoas demasiadamente «humanas» com as quais nos cruzamos, essas falhas de carácter..." - Richard Carlson

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