terça-feira, 30 de junho de 2015



"A vida é basicamente uma caminhada, uma jornada de consciência, uma busca de conhecimento. Mas poucas pessoas têm consciência desse processo de evolução, e ainda menos compreendem como ele funciona. Segue-se que muitíssimas pessoas estão já, inconscientemente, envolvidas num processo de crescimento de consciência!
Damos um grande salto qualitativo quando aprendemos que a nossa vida é por natureza uma evolução, e começamos a entender o que isso significa. À medida que esse entendimento cresce, podemos decidir aceitar a vida como um processo de consciencialização e dedicar-nos a esse processo, concentrando-nos nele e procurando por todos os meios avançar mais rapidamente. Ao fazê-lo, quase sempre passamos a ter mais prazer na vida, encontrando uma satisfação e uma realização mais profundas do que julgávamos poder existir.
Resolver dedicar-se ao desenvolvimento da sua consciência é decidir prestar atenção e conhecer tudo o que possa sobre si mesmo, os outros, a vida e o Universo. Requer que se olhe a vida como uma experiência de aprendizagem, em que cada pequeno acontecimento pode ser visto como uma dádiva para nos ajudar a desenvolver ao máximo o nosso potencial.
Uma ironia da jornada da consciência é que a cada passo nos são revelados horizontes até aí ocultos. Aceitar a nossa ignorância anterior pode ser difícil e desagradável. Até verificarmos que com o passar do tempo a nossa vida se torna tanto mais plena quanto mais avançamos no caminho, a ignorância da rota pode causar-nos medo. Somos humanos, gostamos de saber onde estamos a cada momento. Gostamos de sentir que temos razão, que as nossas crenças são perfeitas, «verdadeiras», incontestáveis. Mas aprendemos na caminhada que o nosso crescimento está em mutação constante e que, à medida que a consciência evolui, encontramos a paz de espírito e a segurança que advém de abandonarmos a necessidade obsessiva de termos razão. Assim, uma das primeiras coisas que aprendemos ao começar a caminhada é a enfrentar a nossa ignorância. Como um farol nas trevas, a nossa consciência mostra-nos automaticamente áreas de que nada conhecemos. Só quando deixamos de nos censurar ou de nos punir pela nossa ignorância é que a caminhada poderá prosseguir sem entraves. É um processo que se desenrola num espírito de aceitação, compaixão e aventura. Devemos considerar-nos como crianças que estão a crescer e a aprender. Em certo sentido, todos somos crianças em processo de evolução, avançando ao seu ritmo individual. E nunca devemos esquecer que há tanto para aprender que nenhum de nós pode fazê-lo numa só vida,
É importante compreender que a jornada da consciência dura toda uma vida. Vai prolongar-se por toda a nossa vida presente. A consciência não é um destino a que finalmente se chega, é um percurso contínuo de aprofundamento e de expansão, uma caminhada que talvez não tenha fim. Equacionar a consciência como se de um produto se tratasse é tentador para aquele lado de nós que sonha com um remédio instantâneo, uma receita mágica. Não queremos ter de passar pelo sofrimento ou pelo desconforto. Não temos paciência para fazer auto-análise. Não queremos «perder tempo» a descobrir o nosso próprio caminho. Queremos uma figura de autoridade omnisciente e omnipotente que nos dê respostas e nos diga exactamente o que fazer. Queremos um cavaleiro espiritual de armadura branca que nos ponha à garupa e nos leve para longe das angústias e atribulações de sermos humanos. Queremos fazer as malas e embarcar para o país mítico da iluminação, e quanto mais depressa melhor. 
Infelizmente, não é assim que as coisas se passam. A jornada de um ser humano é muito mais complexa e envolve a livre aceitação de todos os aspectos da vida. Não é evitando, ignorando ou fugindo seja do que for que se encontra o caminho." - Shakti Gawain 

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