quinta-feira, 29 de outubro de 2015



"O que é preciso para nos sentirmos seguros num mundo incerto que se encontra para além do nosso controlo? A resposta dos grandes sábios e mestres baseia-se no axioma fundamental de que a dualidade é insegura e a integralidade segura. Esta é uma das grandes lições esquecidas. Muitas pessoas trabalham desesperadamente para se sentirem seguras aumentando as suas defesas. Constroem muralhas que as isolam dos elementos mais assustadores da sociedade. Recheiam a sua existência com dinheiro e bens materiais. Trancam as portas e rezam para não se desencadear uma catástrofe oculta. Estas tácticas derivam de uma crença primitiva segundo a qual se o nosso corpo está livre de perigo, estamos seguros. Talvez tenhamos herdado esta predisposição; talvez ela seja adequada ao nosso modo de vida materialista. Em épocas passadas, as pessoas não se sentiam seguras a não ser que deuses, ou Deus, aprovassem as suas acções. Com esse fim, tolerariam ser pobres enquanto a religião organizada lhes dissesse que a salvação das suas almas estava assegurada.
Segundo a perspectiva moderna, a segurança é psicológica. Para estarmos seguros no mundo devemos encontrar a chave interior da segurança. Habitações, dinheiro e bens materiais são irrelevantes. De facto, algumas das pessoas mais inseguras são as que se sentem impelidas a alcançar excessos de riqueza e sucesso. A chave para nos sentirmos psicologicamente seguros é fugidia. A psicologia freudiana sustenta que a educação das crianças nos três primeiros anos determina quão seguras elas se sentirão ao crescer. A psicologia junguiana sustenta que a sensação de insegurança deve enraizar-se na psique colectiva, e especificamente na sombra, com o seu fundo partilhado de medo e ansiedade. No entanto, se considerarmos os resultados de um século de terapia, a resposta psicológica em qualquer dos casos praticamente não funcionou. Tanta perspicácia e brilhantismo a pouco mais levaram do que à ascensão do Prozac e a uma geração de terapeutas que passam a maior parte do tempo a receitar medicamentos.
Sentir-nos-emos seguros quando descobrirmos que temos um "eu" nuclear. Ele existe na nossa fonte. Dado que na fonte não há divisão, o mundo externo não pode ameaçar o interno. A ansiedade precisa de um foco externo, quer se trate da recordação de algum trauma passado ou de um medo indistinto que cria apreensão simplesmente por desconhecermos aquilo que virá a seguir. O nosso "eu" nuclear é estável e permanente; portanto, nada tem a recear da mudança. O desconhecido é necessário para a mudança. Quando fazemos as pazes com este facto o mundo transforma-se, passando de um lugar de risco constante para o parque de recreio do inesperado." - Deepak Chopra

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