quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016



"Na vida, nada pode ser capturado e feito prisioneiro. Tem de viver em abertura, deixando acontecer todo o tipo de experiências, ficando-se plenamente grato enquanto elas duram. Grato, mas não com medo do amanhã. Se o dia de hoje traz uma manhã bonita, um belo nascer do Sol, o cantar das aves, esplêndidas flores, porquê preocupar-se com o dia de amanhã? Porque amanhã será um outro dia. Talvez o nascer do Sol venha de cor diferente. Talvez as aves alterem um pouco o seu cantar, talvez haja nuvens e a dança da chuva. Mas isso tem uma beleza própria, tem o seu próprio alimento.
É bom que as coisas continuem a mudar; que cada entardecer não seja o mesmo, que cada dia não seja exactamente uma repetição. Algo de novo é isso: a emoção e o êxtase da própria vida; de outro modo, o homem sentir-se-ia muito aborrecido. E aqueles que viveram a sua vida em segurança absoluta sentem-se aborrecidos. Sentem-se aborrecidos com as suas mulheres, aborrecidos com os seus filhos, aborrecidos com os seus amigos. O aborrecimento é a experiência de milhões de pessoas, embora elas sorriam para o esconder.
A humanidade está completamente enjoada pela simples razão de que não permitimos que a insegurança da vida seja a nossa religião. Os nossos deuses são a nossa segurança, o nosso conhecimento é a nossa segurança, os nossos relacionamentos são a nossa segurança. Estamos a desperdiçar toda a nossa vida acumulando obrigações do Tesouro. As nossas virtudes e austeridade não passam de um esforço para ter segurança mesmo depois da morte. É criar um extracto bancário no outro mundo.
E, entretanto, uma vida fantasticamente bela está a escapar-se por entre os seus dedos. As árvores são tão bonitas, porque elas não conhecem o medo da insegurança. Os animais selvagens têm tanta grandeza, porque não sabem que existe a morte, que existe insegurança. As flores podem dançar ao sol e à chuva, porque não se preocupam com o que lhes irá acontecer à noite. As suas pétalas cairão e, tal como apareceram de uma fonte desconhecida, também vão desaparecer nessa mesma fonte desconhecida. Mas, entretanto, entre esses dois pontos de aparecimento e desaparecimento, você tem a oportunidade de dançar ou de desesperar.
Uma pessoa autêntica deixa simplesmente cair a noção de segurança e começa a viver em completa insegurança, porque é essa a natureza da vida. Não pode mudar isso. E aquilo que não pode mudar, aceite-o, mas aceite-o com alegria. Não bata desnecessariamente com a cabeça contra a parede, passe simplesmente através da porta." - Osho 

Sem comentários:

Enviar um comentário