domingo, 27 de março de 2016



"Sempre que uma pessoa se sente deprimida, amedrontada, ou acha que a situação não anda bem, imediatamente começa a polir a mesa ou a limpar o jardim procurando distrair-se. Ela não quer lidar com o problema subjacente e, por isso, procura algum tipo de prazer momentâneo. Tem pavor do espaço, de qualquer canto vazio.

Telas pequenas, telas médias, telas grandes – as distracções estão em todos os lugares, o tempo todo. Hoje em dia, ao invés da caverna de Platão, cada um de nós cria a sua própria mini-caverna e vive num mundo de imagens bruxuleantes, destituídas de substância real. Literalmente desligamo-nos do nosso mundo concreto, com o seu carácter áspero e bruto, e o que quer que esteja a acontecer, nós encaixamo-nos dentro de um mundo virtual de som, imagem e vídeo que carregamos no bolso.

Reclamamos que nos distraímos muito facilmente. Mas o que realmente está por detrás de toda essa “distraibilidade”? É fácil acreditar que o problema é o incessante fluxo de estímulos externos, mas o que nos rodeia não é nada mais do que fenómenos. Os objectos do nosso mundo apenas estão lá, inocentemente sendo o que são. Barulhos são apenas barulhos, visões apenas visões, objectos apenas objectos, smartphones são apenas smartphones, computadores apenas computadores e pensamentos apenas pensamentos.
É por isso que os ensinamentos budistas falam mais sobre a mente errante do que sobre as distracções. Quando falamos sobre elas, olhamos para fora e acreditamos que as condições externas são as responsáveis pela nossa inquietude. Quando falamos sobre a mente errante, olhamos para dentro à procura da fonte do nosso problema – nós assumimos a responsabilidade." - Chögyam Trungpa Rinpoche

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