segunda-feira, 11 de abril de 2016



"A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido numa tarefa: você tem que criar a sua própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, ou você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a si.

É possível adicionar e eliminar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. 
Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nestes tempos individualistas.
Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e eliminar amigos que as habilidades sociais não são necessárias.

Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interacção razoável. Aí, você tem que enfrentar as dificuldades, envolver-se num diálogo. O papa Francisco, que é um grande homem, ao ser eleito, deu a sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari, um jornalista italiano que é um ateu autoproclamado.

Foi um sinal: o diálogo real não é falar com pessoas que pensam como você. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia…

Muitas pessoas usam-nas não para unir, não para ampliar os seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco das suas próprias vozes, onde a única coisa que vêem são os reflexos das suas próprias caras. 

As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.” - Zygmunt Bauman

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