domingo, 28 de agosto de 2016




"Esforçamo-nos imenso, nas cidades, vilas e subúrbios de todo o país, em busca de uma sensação de segurança e tranquilidade. Queremos tornar o futuro melhor, o nosso e o dos nossos filhos. Alguns de nós trabalham oitenta horas por semana ou mais, para conseguirem manter o que têm. Enquanto pressionamos os nossos filhos para serem excelentes em tudo o que fazem, viramos as costas ao stresse deles (e ao nosso), tentamos conseguir segurança económica e profissional. E, na nossa busca incessante, todos parecemos estar a sofrer.
Mas, quando peço às pessoas para pararem e reflectirem sobre o que querem, realmente, da vida, a maioria das respostas são parecidas. Querem paz. Paz no mundo, paz no trabalho, paz nas suas famílias e no interior das suas almas. 
Esta parte é que é confusa. Trabalhamos tanto para termos as coisas que achamos que nos vão trazer segurança, mas fazemos uma abordagem passiva à paz que tanto desejamos. Rezamos, desejamos ou esperamos pela paz. E, quando assumimos um papel activo na busca da paz, normalmente, tem o efeito contrário.
Olhando para o mundo, pelas lentes da história da humanidade, a busca da justiça através da agressividade raramente leva à paz. Apenas gera mais injustiça.
Quase todos os dias vejo famílias e casais que discutem uns com os outros, numa busca disfarçada de justiça ou igualdade pessoal ou matrimonial. Acreditam que, se tiverem justiça, estarão em paz. Por isso, vemos a mulher a convencer o marido de que ele tem de passar mais tempo em casa, ajudar mais, porque acredita que a relação seria mais equilibrada. Então, existiria justiça. Então, ela estaria em paz -, ou, pelo menos, acha que sim. 
É claro que ele, pelo contrário, pede e sente que, se ela parar de o chatear e o aceitar por quem ele é, estarão em paz. E a luta continua, tudo numa procura disfarçada de paz, através da justiça.
Quanto ao casal que discute, creio que eles dizem a si mesmos que a paz vai, finalmente, chegar quando os outros mudarem. E como é que esperamos que eles mudem? Quando, finalmente, ouvirem as nossas razões. Ou tiverem alguma grande revelação. Ou se renderem à agressão. Mas como é que estas podem ser formas de se conseguir ter paz? Tentar mudar os outros tem a ver com intolerância, que é o núcleo de tanta inimizade. Não podemos conseguir paz, a não ser que também estejamos a tentar ajudar os outros a encontrá-la. A paz não aparece quando vencemos batalhas; vem quando paramos de lutar.
Por isso, porque não procurarmos o que queremos realmente - estarmos com os que amamos e encontrarmos mais tempo para descansarmos e desfrutarmos? Se for isto que queremos, é aqui que a mudança pode começar. Uma das coisas que peço às pessoas, é que passem vinte e quatro horas sem uma coscuvilhice. Sem dizerem nada negativo sobre ninguém e não dizerem nada a ninguém que possa ser passível de magoar. Façam isso durante vinte e quatro horas e vejam como se sentem no fim de um dia.
E, por favor, acreditem em mim: no fim desse dia, vocês terão trabalhado pela paz.
Pode ser uma forma interessante de iniciar a mudança que queremos ver no mundo." - Daniel Gottlieb

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