quinta-feira, 29 de dezembro de 2016




"Todo o indivíduo deve, a dada altura, dar o passo que o afasta do seu pai, dos seus mestres; todo o indivíduo deve experimentar um pouco da dureza da solidão, embora a maioria das pessoas possuam pouca capacidade de aguentar e voltem rapidamente ao refúgio.

A educação dá-nos conhecimentos, ensina-nos a interpretá-los, a aplicá-los. Trata-se, maioritariamente, de que o aluno adquira uns conteúdos específicos para passar num exame, o que não significa que tenhamos aprendido o essencial para viver.

Os pais educam-nos em valores, em hábitos e também em ideias: as suas. Tanto os mestres como os pais têm os seus ensinamentos como certos. E são-no, para eles. Aprendemos tudo através destes parâmetros. Repetimos o que ouvimos porque alguém que tem autoridade o disse e supomos que o seu critério é melhor do que o nosso.

Mas, antes ou depois, temos de descobrir o que pensamos nós, qual é a nossa visão e onde estão as nossas prioridades.

Amadurecer exige-nos que, a dada altura, reflitamos para construir o nosso ponto de vista. Até é saudável desaprender o aprendido, se com isso ganharmos a liberdade de cometer os nossos próprios erros.

No momento em que nos desprendemos desse guião começa o nosso caminho para a realização. Sem ter a quem seguir, a quem consultar, vemo-nos obrigados a decidir e a definirmo-nos. A nossa felicidade deixa de depender dos outros para ser responsabilidade nossa. E isso é uma boa notícia. 

Deixamos de ser crianças, discípulos, e separamo-nos dos que nos conduziram até aqui. Já não somos um prolongamento das suas ideias; conquistámos a nossa liberdade. 

Desprendermo-nos dessa grande mochila com que nos encheram durante toda a vida, libertarmo-nos do que aprendemos, mas não da capacidade de aprender, permite-nos dar um passo em frente.

Embora seja mais cómodo não abandonar o caminho pautado, nenhum ser humano se conhece verdadeiramente até se poder enganar por si mesmo.

Num célebre momento do filme O Clube dos Poetas Mortos, o professor fala assim aos seus alunos: «Todos precisamos de ser aceites, mas têm de entender que as vossas convicções são vossas, pertencem-vos [...] ainda que toda a manada diga: não está beeeem! [...] Quero que encontrem o vosso próprio caminho.»" - Allan Percy

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