segunda-feira, 26 de junho de 2017





"Não existe praticamente nenhuma informação geral acerca da natureza da mente, é muito raro escritores ou intelectuais escreverem sobre ela, os filósofos modernos não se referem directamente a ela e a maior parte dos cientistas nega a própria possibilidade da sua existência. Ela não desempenha nenhum papel na cultura popular, ninguém canta sobre ela, ninguém fala dela em peças de teatro, nem aparece na televisão. Na verdade, somos ensinados a acreditar que nada é real para além do que conseguimos captar através dos nossos sentidos habituais.

Apesar desta negação maciça e praticamente generalizada da sua existência, de vez em quando temos vislumbres passageiros da natureza da mente, que podem ser inspirados por uma determinada peça musical particularmente estimulante, pela serena felicidade que esporadicamente sentimos na natureza ou por uma situação quotidiana extremamente comum. Também podem manifestar-se simplesmente quando vemos a neve cair com suavidade, quando observamos o Sol a levantar-se por detrás de uma montanha ou quando admiramos um feixe de luz a penetrar num quarto de uma forma misteriosamente comovente. Tais momentos de iluminação, paz e bênção acontecem-nos a todos e permanecem estranhamente connosco.

Acredito que, em certas ocasiões, compreendemos parcialmente estes vislumbres, mas a cultura moderna não nos fornece nenhum contexto nem qualquer enquadramento que nos permita entendê-los. Pior ainda, em vez de nos encorajar a explorar esses vislumbres com uma maior profundidade e a descobrir a sua origem, diz-nos, tanto declarada como subtilmente, para os silenciarmos. Sabemos que ninguém nos levará a sério se tentarmos partilhá-los, e como tal ignoramos experiências que, na realidade, poderiam vir a ser as mais reveladoras da nossa vida, se simplesmente as conseguíssemos entender. Talvez este seja o aspecto mais sombrio e perturbador da civilização moderna - a sua ignorância e repressão de quem realmente somos." - Sogyal Rinpoche 

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