quinta-feira, 15 de junho de 2017





"Para chegarmos ao nosso destino e não perdermos o rumo, é necessário darmos prioridade ao que é realmente importante em detrimento do que é acessório, assim como sermos pacientes em relação às nossas demandas.

A liberdade e a capacidade de nos deixarmos fluir não são incompatíveis com a necessidade de pormos ordem em algumas coisas. Se queremos ocupar-nos de tudo, é imprescindível darmos a primazia ao que deve surgir em primeiro lugar e só depois ocuparmo-nos do que deve ser feito no final.

É verdade que há sempre coisas que devem ser resolvidas em primeiro lugar, se desejamos encontrar uma maneira de as resolver todas, mas não é menos verdade que, para distinguirmos entre duas situações, já deveremos ter aprendido ao longo do nosso percurso a qualificar as nossas necessidades no seio da nossa realidade pessoal e atribuir às coisas a importância que elas têm.

Só assim poderemos apercebermo-nos de que, em termos gerais, é conveniente começar por aquilo que é maior, mais importante e fundamental, e só em casos muito específicos por aquilo que é premente.

Uma vez que estamos a falar de prioridades e privilégios, não me posso esquecer de dois princípios fundamentais. O primeiro estabelece que nenhuma ordem é definitiva e inalterável e que a minha lista depende sempre de um determinado momento da minha vida; o segundo, que é tão importante como o primeiro, ou ainda mais, institui que a minha própria ordem não tem forçosamente de coincidir com a ordem dos outros. 

Quantas vezes, quando nos sentimos desesperados, exigimos ao nosso cônjuge, aos nossos pais, amigos, vizinhos, à nossa empregada que nos resolvam um certo assunto «imediatamente», ou seja, que se ocupem primeiro do nosso problema, porque para nós é prioritário, urgente, imprescindível e inadiável?

Quantas vezes nos queixamos sem ter em consideração que talvez a nossa «pedra», que para nós é a mais importante, não passe de um grão de areia no meio daquilo que está pendente para os outros?

Aprendi a não me esquecer de que, para o interesse de todos, talvez a consecução dos meus desejos deva neste momento aguardar por uma ocasião mais adequada; e, sobretudo, aprendi que há coisas que devem ser feitas e que, apesar de parecerem menos importantes, não o são, sendo, portanto, necessário deixar sempre algum espaço para a realização das mesmas." - Jorge Bucay

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