segunda-feira, 31 de julho de 2017





"O carma não é fatalista nem predeterminado. O carma significa a nossa capacidade de criar e mudar. Ele é criativo porque podemos determinar como e porque é que agimos. Nós podemos mudar. O futuro está nas nossas mãos, bem como nas mãos do nosso coração. Buda disse:

O carma cria tudo, como um artista,

O carma compõe, como uma bailarina.

Uma vez que tudo é impermanente, variável e interdependente, a forma como agimos e pensamos altera inevitavelmente o futuro. Não há nenhuma situação, por mais irremediável ou terrível que pareça, como por exemplo uma doença terminal, que não possamos usar para evoluir. E não há crime nem crueldade que um arrependimento sincero e uma prática espiritual verdadeira não consigam purificar.

Portanto há sempre esperança. Até os assassinos e os criminosos mais inveterados podem mudar e ultrapassar as condicionantes que os levaram a cometer os seus crimes. A nossa situação presente, se a usarmos com habilidade e sabedoria, pode servir de inspiração para nos libertarmos a nós próprios da opressão do sofrimento.

Para os tibetanos, o carma tem um significado verdadeiramente vívido e prático na sua vida quotidiana. Eles vivem de acordo com o princípio do carma, com base no conhecimento desta verdade, e este é o fundamento da ética budista. Eles compreendem que se trata de um processo natural e justo. Por conseguinte, o carma inspira neles um sentido de responsabilidade pessoal no que quer que façam.

Será que é assim tão difícil de ver o carma em acção? Não basta olhar para trás na nossa própria vida para nos apercebermos claramente das consequências de algumas das nossas acções? Quando incomodámos ou magoámos alguém, isso não se repercutiu em nós? Não ficámos com uma recordação amarga e sombria e com vestígios de autorrepugnância? Essa recordação e esses vestígios são o carma. Os nossos hábitos e os nossos receios também se devem ao carma, ao resultado de acções, palavras ou pensamentos que protagonizámos no passado. Se analisarmos bem as nossas acções e nos tornarmos verdadeiramente conscientes delas, reparamos que há um padrão que se repete por si próprio nas nossas acções. Sempre que agimos negativamente, isso conduz-nos à dor e ao sofrimento; sempre que agimos positivamente, isso acaba por resultar em felicidade." - Sogyal Rinpoche

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