quinta-feira, 10 de agosto de 2017





"Podemos afirmar - e acreditar até certo ponto - que a compaixão é maravilhosa, mas na prática as nossas acções são profundamente incompassivas, o que nos traz, a nós e aos outros, sobretudo frustração e ansiedade, e não a felicidade que todos procuramos.

Não é então absurdo que, embora todos nós desejemos a felicidade, quase todas as nossas acções e sentimentos nos conduzem na direcção diametralmente oposta? Poderá haver maior indicação de que toda a nossa perspectiva sobre o que é a verdadeira felicidade, e a forma de a alcançar, é radicalmente falsa?

O que imaginamos que nos fará felizes? Um egoísmo astuto, oportunista e engenhoso, a protecção egoísta do ego, que, como todos nós sabemos, pode tornar-nos extremamente cruéis em determinados momentos. Mas, de facto, a verdade é completamente o oposto: o apego ao eu e zelar pelos nossos próprios interesses, quando analisados verdadeiramente, é que são a raiz de todo o mal que se faz aos outros e também a nós mesmos.

Cada coisa negativa que alguma vez pensámos ou fizemos surgiu fundamentalmente do nosso apego a um falso eu e da nossa complacência perante este falso eu, tornando-o no elemento mais estimado e importante da nossa vida. Todos os pensamentos, emoções, desejos e acções negativas, que são a causa do nosso carma negativo, são gerados pelo apego a nós próprios e pelo desejo de satisfazer a nossa vontade. Eles são o íman sombrio e poderoso que atrai sobre nós, vida após vida, cada obstáculo, infortúnio, angústia e desgraça, sendo assim a causa fundamental de todo o sofrimento do samsara." - Sogyal Rinpoche

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