sábado, 9 de setembro de 2017





"as minhas horas não têm sido as tuas horas.

as minhas pernas têm andado longe das tuas. 

o meu pé, à noite, demora a encontrar-se com o teu.

as minhas mãos trabalham em coisas tão díspares das tuas.

a minha cabeça trabalha a tantos quilómetros de distância da tua.

mas há uma coisa, sabes, que está sempre.

sempre perto. 

como a folha de um caderno. como um dos fios da mesma embalagem de esparguete.

como "aquela" nota única de uma sonata. como o atacador de uma sapatilha.

e essa coisa - o amor - tem a mesma boca e a mesma língua.

tem a mesma cadência e a mesma orientação.

posso estar longe, ocupado, absorvido, mergulhado.

posso andar desvairado de coisas para fazer

posso passar-me de nervosos miúdos

posso comportar-me às vezes como uma miúdo.

mas o meu amor e a minha boca - ai esses dois -

vão andar sempre no teu encalço.

esses sim, serão a tua sombra e a minha luz.

sempre." - Laura Avelar Ferreira

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