segunda-feira, 9 de outubro de 2017





"Nós, seres humanos, só ficamos deprimidos perante um abandono porque não pensamos como deveríamos, porque nos apoiamos num sistema de valores inadequado. Ninguém se deveria entristecer tanto por um motivo desses! Fazê-lo é trair a maravilha que é a vida.

O amor romântico é bonito, mas a vida é ainda mais. Muito mais!

Quando nos inscrevemos na ficção de que precisamos de alguém para sermos felizes, estamos a diminuir a nossa capacidade de gozar o mundo. Pomos todos os ovos num cesto e comprometemo-nos a sobreviver para sempre à base de tortilhas. Mas a vida é muito mais do que isso: é pão, massa, chocolate, café e uma infinidade de alimentos! É amor fraternal, diversão, aprendizagem, descoberta, contemplação, admiração... Para uma pessoa sã, a vida é deslumbrante como nunca o será para um apaixonado neurótico!

A sociedade actual sobrevaloriza o amor romântico. Há muitos indícios que o comprovam:

a) A maior parte das pessoas vivem em casal e, contudo, isso não as faz vibrar de felicidade. Se o amor sentimental fosse assim tão importante, essas pessoas estariam constantemente a cantar de alegria.

b) Grandes grupos de pessoas felizes - monges e freiras de todas as religiões - ignoram este aspecto por completo.

Com isto não pretendo dizer que o amor romântico é irrelevante. Nada é irrelevante - e ainda menos algo que se traduz no carinho entre pessoas -, mas muita coisa é prescindível. Fazer dele uma exigência vital torna-nos menos capazes de gozar tudo aquilo que nos rodeia." - Rafael Santandreu

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