segunda-feira, 20 de abril de 2015



"Por que razão algumas pessoas conseguem tirar da cabeça as experiências infelizes, enquanto outras se dedicam a pensar nelas e a utilizá-las como desculpa para inibir ou imobilizar as suas vidas? A resposta é que algumas pessoas compreendem melhor do que outras os processos do pensamento e a memória. Há os que compreendem que, quando pensamos nalguma coisa, seja passado ou futuro, aquilo em que pensamos ganha vida, como se estivesse a acontecer nesse mesmo momento. Quanto mais no fixarmos e nos concentrarmos no pensamento, mais real nos irá parecer. Deixar que o tempo passe para conseguir «superar» algum facto doloroso não tem outro objectivo que não seja ajudar-nos a esquecê-lo. Não há prazos preestabelecidos para esquecer as experiências difíceis. Quando compreendemos a dinâmica do pensamento, damo-nos conta de que uma recordação é só uma recordação, tenha acontecido há oito anos ou há oito minutos. Se o passar do tempo fosse o factor determinante, toda a gente superaria a dor em simultâneo; mas sabemos que não é assim.
Que se passa com os problemas relacionados com o passado? Se os nossos problemas antigos e feridas só são reais na nossa memória, porque é que têm de continuar a bloquear-nos no presente? Não precisa de ser assim! Qualquer situação dolorosa por que tenhamos passado - pais possessivos, um divórcio, dificuldades económicas, abuso sexual em criança ou outra coisa - não nos deve impedir, agora, de gozarmos a vida, se compreendermos que é a nossa memória que nos está a fazer reviver esses acontecimentos, e nada mais do que a nossa memória. Se aprendermos a deixar de nos assustarmos com os nossos próprios pensamentos, estaremos a encaminhar-nos para uma vida mais feliz, sejam quais forem as situações por que passámos. O que nos liberta das circunstâncias do passado não é o passar do tempo, mas a nossa capacidade para esquecer os problemas, que, por sua vez, se baseia na nossa compreensão do processo do pensamento.
Se, para conseguirmos superar as dificuldades, dependemos exclusivamente do passar do tempo, e não da nossa vontade e capacidade para pensar (ou para não pensar), teremos estabelecido uma relação de «causa e efeito» entre o tempo que decorre desde que se apresenta um problema e a sua solução. Se acreditarmos que precisamos de um período de tempo predeterminado para recuperarmos de um acontecimento doloroso, estaremos a assegurar a nossa infelicidade, pois durante a vida continuarão a aparecer situações que estarão fora do nosso controlo. Quando estabelecemos prazos arbitrários, legitimamos a convicção de que devemos recear os nossos pensamentos, de que somos vítimas do nosso passado e do que pensamos sobre ele. No entanto, não tem de ser assim." - Richard Carlson

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