quinta-feira, 21 de maio de 2015



"É estranha a semelhança que há entre a maledicência e as preocupações. Ambas são produto de uma mente inquieta. A mente inquieta tem de ter sempre uma variedade mutável de expressões e de acções, tem de estar ocupada; tem de ter sempre muitas sensações, interesses passageiros - e a maledicência contém tudo isso.
A maledicência é a verdadeira antítese da intensidade de entrega. Falar sobre os outros, agradavelmente ou com maldade, é uma fuga a si próprio, e a fuga é a causa da inquietação. A fuga, na sua própria natureza, é desassossego. O interesse nos assuntos dos outros parece ocupar a maioria das pessoas, e esse interesse vê-se pela leitura de inúmeras revistas e jornais, com as suas colunas de mexericos, assassinatos, divórcios e tudo o mais.
Se não estivermos preocupados, a maioria de nós sentirá que não está viva; lutar com um problema é, para muitos, a demonstração de que existem. Não somos capazes de imaginar a vida sem um qualquer problema; e quanto mais estamos ocupados com um problema, mais vivos pensamos estar. A tensão constante provocada por um problema, que o próprio pensamento criou, leva ao embotamento da mente, tornando-a insensível e exausta.
Porque há essa preocupação incessante com um problema? Será que a preocupação vai resolver o problema? Ou será que a solução do problema chega quando a mente está tranquila? Mas, para muitas pessoas, uma mente tranquila é uma coisa muito temível; elas têm receio de estar tranquilas, pois sabe-se lá o que poderão descobrir nelas próprias; estarem preocupadas é para elas uma coisa preventiva. A mente que tem receio de descobrir está sempre na defensiva, e a inquietude é a sua defesa." - J. Krishnamurti

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