terça-feira, 19 de maio de 2015



"Por que razão nos identificamos com uma outra pessoa, com um grupo, com um país? O que nos leva a chamarmo-nos Cristãos, Hindus, Budistas, ou por que motivo nos ligamos a qualquer uma das inumeráveis seitas? Religiosa e politicamente identificamo-nos com este ou aquele grupo através da tradição, do hábito, do impulso, do preconceito, da imitação ou da passividade. Esta identificação acaba com toda a compreensão criativa e, assim, tornamo-nos um mero instrumento nas mãos do chefe de partido, do padre ou do líder mais em moda.
Quando nos identificamos com outra pessoa, será isso uma indicação de amor? Será que a identificação implica vivenciar? Não será que a identificação põe um fim ao amor e ao vivenciar? Certamente que identificação é possuir, é afirmação de posse; e a posse impede o amor, não é verdade? Possuir é sentir-se seguro; possuir é uma defesa, é tornar alguém invulnerável. Na identificação há resistência, grosseira ou subtil; e será o amor uma forma de resistência autoprotectora? Existirá amor quando se está na defensiva?
O amor é vulnerável, flexível, receptivo; é a mais alta forma de sensibilidade, e a identificação produz insensibilidade. A identificação e o amor não andam juntos, pois um destrói o outro. A identificação é essencialmente um processo do pensamento através do qual a mente se resguarda e se expande; e, ao tornar-se em alguma coisa, ela vai resistir e defender-se, vai possuir e descartar. Nesse processo de «vir a ser», a mente, o eu torna-se mais duro e poderoso; mas isso não é amor. A identificação destrói a liberdade, e só em liberdade pode existir a mais alta forma de sensibilidade." - J. Krishnamurti

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