sexta-feira, 10 de julho de 2015



"Todos os nossos pensamentos, emoções, palavras e actos têm influência nos outros e no mundo que nos rodeia. Por isso, a coisa mais importante e proveitosa que podemos fazer para mudar o mundo é simplesmente procurar ter no dia-a-dia uma vida consciente. E isso não quer dizer atingir um patamar espiritual muito elevado, nem ser capaz de amar, aceitar e perdoar sempre incondicionalmente... Esforçar-se demasiado por atingir qualquer modelo de perfeição, por muito atractivo que seja, conduz sempre ao desapontamento e à sensação de fracasso. Não é preciso atingirmos a santidade antes de começarmos a trabalhar para a mudança!
Para mim, viver conscientemente significa aceitar as nossas fraquezas e imperfeições humanas sem nos julgarmos severamente e estar dispostos a aprender com o nosso subconsciente os padrões de comportamento que nos vão sendo revelados. Significa considerar as nossas experiências como dádivas que podem ajudar-nos a crescer, considerando todos e tudo o que encontramos no caminho como uma lição potencial. Significa assumir a responsabilidade (não a culpa) pelos nossos pensamentos, sentimentos e acções, reconhecendo o efeito que têm sobre os outros. Significa escutar e procurar teimosamente o nosso sentido interior de verdade, e depois tentar dizer e viver essa verdade minuto a minuto, dia a dia. Significa ainda partilhar generosamente com os outros a dádiva do nosso ser, dos nossos talentos especiais, das nossas aptidões únicas.
Para viver conscientemente temos de recuperar e desenvolver o nosso discernimento em relação à Terra. Quase todos nós precisamos de aprender a viver com mais simplicidade, sem gastar tantos recursos e criar tantos desperdícios. Não quer isto dizer que devamos viver na pobreza ou sofrer privações. Muito pelo contrário! À medida que tomamos consciência das nossas necessidades reais - espirituais, mentais, emocionais e físicas - e aprendemos a satisfazê-las, descobrimos que deixamos de precisar de inúmeras coisas materiais que acumulávamos para preencher o nosso vazio. À medida que as necessidades autênticas são satisfeitas, as falsas desaparecem, tal como os medos que nos dominavam. Quando o nosso próprio espírito nos completa e a nossa força vital circula livremente pelo nosso corpo, quando correspondemos à nossa alma e ao nosso desígnio superior, sentimo-nos parte da corrente e da abundância natural do Universo. Aprendemos a apreciar a riqueza nas coisas mais simples da vida.
Isto não significa que não possamos gozar os nossos bens materiais e os produtos da nossa espantosa tecnologia. Acredito que, quando atingimos o equilíbrio pessoal, encontramos uma maneira harmoniosa de sustentar as necessidades do nosso mundo e de gozar os frutos da nossa criatividade material. Até lá, a maioria de nós precisa de desenvolver mais discernimento e melhores hábitos em relação aos nossos recursos. as pequenas coisas são importantes - comprar alimentos mais saudáveis e mais naturais, com menos embalagens, menos aditivos químicos e menos processamentos... evitar produtos tóxicos ou apresentados em embalagens não-recicláveis... utilizar um saco de pano para as compras... praticar a reciclagem em casa e no trabalho... Gestos que talvez pareçam insignificantes, mas cada um deles pode fazer uma grande diferença, sem contar que servem para ensinar as boas práticas aos nossos filhos.
Outro aspecto importante de viver conscientemente é, escusado será dizê-lo, a maneira como tratamos no dia-a-dia as pessoas - e também os animais - que nos rodeiam. É claro que todos nós por vezes dizemos e fazemos coisas de que depois nos arrependemos e envergonhamos. É inevitável, somos humanos, e acontece sobretudo quando estamos empenhados em aprender novas formas de vida e de relacionamento, em vez de seguirmos o trilho seguro que provavelmente conhecemos no passado. Por isso, devemos dar a nós próprios uma larga margem de tolerância, aceitando que nem sempre nos manifestamos da maneira mais harmoniosa ou correcta. No entanto, sempre que possível, devemos também fazer um esforço adicional para partilhar o nosso amor e cuidado com os outros - famílias, amigos, colegas -, mesmo nas coisas mais pequenas, como estabelecer contacto visual e dizer um «obrigado» sincero ao bagageiro ou ter um pouco mais de paciência com um funcionário visivelmente esgotado.
Viver conscientemente é viver de modo criativo, encarando cada novo dia como uma ligação potencial e, mais do que isso, uma oportunidade de partilhar com alegria os nossos talentos, dons, e inspirações especiais, em grandes ou pequenos gestos.
Muitas das coisas que somos guiados a fazer na nossa vida não têm aparentemente qualquer relação directa com ajudar alguém ou curar o mundo. Lembre-se que a maior contribuição que pode dar está na força que lhe vem simplesmente de ser quem é, de viver a sua verdade, de fazer aquilo de que gosta. a manifestação apaixonada de quem somos curará o mundo." - Shakti Gawain  

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