quarta-feira, 23 de setembro de 2015



"Se fecharmos os olhos e tentarmos chegar àquele lugar dentro do nosso coração onde sentimos serenidade e paz, conseguimos encontrá-lo sempre. Ele está sempre lá. Esta parte de nós não tem qualquer problema de controlo. É outra parte de nós - a mente do ego ou a mente conflituosa - que procura aquilo que tem de ser controlado em seguida. 
A maior parte de nós pensa nesta sua parte de si própria em termos de «eu», «mim» ou «meu». Quando perguntamos a «nós próprios» o que queremos, estamos, na verdade, a consultar apenas esta parte. Contudo, trabalhamos sem descanso em prol dela. Não só protegemos as suas «fronteiras», como vigiamos de perto o respeito e reconhecimento que ela recebe. Observamos atentamente a grandeza de cada um dos seus desejos para sabermos se «nós» precisamos de ser satisfeitos.
Ironicamente, ninguém controla a formação do «eu» que deseja controlar. Trabalhamos para um tirano que não escolhemos!
Embora as necessidades do «eu» difiram de indivíduo para indivíduo, atribuímos cegamente às nossas próprias necessidades prioridades sobre o companheiro, filhos, amigos, profissão e felicidade. Devotar-nos em exclusivo a satisfazer as nossas necessidades é uma abordagem da vida tão limitada, mesquinha e inferior que é virtualmente uma morte. No entanto, fazemo-lo sem querer questionar porque queremos assumir o controlo em benefício de algo que nunca controlámos. 
Não determinámos um único dos milhares de factores que são combinados para «nos» moldar, moldar o nosso ego, a nossa identidade pública. Não controlámos o estado emocional dos nossos pais no momento em que nos conceberam, nem a altura do mês em que isso aconteceu. Não decidimos que espermatozóide ganhou a corrida ou o modo como se combinaram os genes. Não controlámos o que a nossa mãe comeu, bebeu e fez durante a gestação, quando rebentaram as águas, quanto tempo levou nem que solavancos o carro deu a caminho do hospital. Não controlámos quem estava de serviço, quanto tempo demorou o parto nem que método foi usado para nos trazerem cá para fora. Não determinámos a posição dos corpos celestes, quanto tempo nos deixaram sozinhos no berçário, se fomos o primeiro ou o segundo filho, quando e durante quanto tempo nos deram de mamar. E ainda nem chegámos à parte dos «anos de formação da personalidade»!
Nada disso dependeu de nós. Não escolhemos um único factor que determinou a formação do «eu» particular que pensamos ser. No entanto, somos conduzidos, pela psicologia e pela filosofia da nossa cultura, e dedicarmo-nos de alma, coração e mente a conseguir tudo aquilo que este «eu» que não criámos quer.
Algumas coisas são simples e esta é uma delas: você pode relaxar e desprender-se da sua vida e alcançar a paz, ou pode tentar controlá-la, o que só lhe trará a guerra." - Hugh Prather    

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