domingo, 29 de novembro de 2015



"Às vezes todos os nossos esforços de comunicação são vãos, se previamente não conseguirmos criar um clima de confiança com o nosso interlocutor. Da mesma forma, quantas vezes nos arrependermos de termos dado a nossa confiança a pessoas que não a mereciam, que depois nos falharam ou inclusive nos traíram?
Cruzamo-nos com frequência com pessoas que rapidamente nos concedem confiança e outras que, pelo contrário, parecem resistir ao máximo. Pela nossa parte, uma premissa essencial deve ser não julgar. Não julgar significa não alimentar em nós pensamentos do estilo de: «que antipático!», «deve estar a achar»... Já sabemos bem que estes pensamentos nos indispõem e nos criam uma emoção que só ajudará a alimentar mais esse clima de falta de confiança. 
A história de cada um, as vivências que teve, as circunstâncias da vida... podem tê-lo condicionado ao ponto de ter adoptado uma série de defesas, como um muro intransponível, que o preservam face a possíveis agressões ou deslealdades.
Não devemos gastar as nossas energias por nos sentirmos injustamente tratados. Pelo contrário, é melhor que as canalizemos para conseguirmos que essa pessoa, talvez muito desconfiada ou muito ferida, possa valorizar a nossa atitude e nos conceda finalmente a sua confiança. 
Para criar um clima de confiança temos de ganhar essa confiança previamente e para tal, agirmos com delicadeza, sabendo observar, escutar, analisar, respeitar e, quando for necessário, falar. Mas fá-lo-emos sempre sem teatralizar, de uma forma simples, espontânea e calorosa. A outra pessoa tem de se sentir descontraída para nos dar a sua confiança; e não há nada que nos descontraia mais do que sentir que temos à nossa frente uma pessoa leal, sincera, compreensiva, generosa e, acima de tudo, «muito humana».
É importante que assumamos que ninguém tem o direito de forçar-nos! Ouvimos muitas vezes frases do estilo: parece mentira que não confies em mim! Como é possível que não me concedas a tua confiança? És tão desconfiado! Assim não vais a lado nenhum!...
Recordemos: a confiança, como os sentimentos, não se força, ou se sente ou não se sente. Dada a implicação emocional que têm os nossos sentimentos, uma vez que os sentimos, não nos fará mal comprovar que não estamos equivocados; porque habitualmente sentimos com o coração, não com a razão e... às vezes pagamos por isso um preço demasiado alto: o preço das nossas emoções feridas, a dor do desengano, a frustração da traição!
Não estou a proclamar o elogio da desconfiança; o que quero transmitir é que a nossa confiança é muito valiosa, tão valiosa que às vezes é perigosa, pois deixa-nos com o coração aberto, quase sem defesas e, excepto se tivermos uma confiança sem limites em nós mesmos e uma auto-estima gigantesca, o melhor será que estejamos atentos a quem a damos; sobretudo se somos daqueles que depois sofrem muito quando se sentem decepcionados ou traídos." - Maria Jesus Alava Reyes

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