sábado, 26 de dezembro de 2015



"A polidez não é uma virtude, mas uma qualidade, uma qualidade 
puramente formal. Considerada em si mesma, ela é secundária, irrisória, quase insignificante: comparada com a virtude ou a inteligência, nada é e, na sua deliciosa reserva, a polidez deve também saber exprimi-lo. Mas é bem claro que as criaturas inteligentes e virtuosas não estão dispensadas disso. O próprio amor não deveria dispensar inteiramente o formal. As crianças devem aprendê-lo com os pais, os pais que as amam tanto - embora demasiado, e mal -, e que contudo estão sempre a chamar-lhes a atenção, não para o fundo (quem ousaria dizer ao seu filho: «Tu não me amas o suficiente»?), mas para a forma. Os filósofos discutirão para saber se a forma primeira não é, na verdade, o todo, e se o que distingue a moral da polidez é outra coisa que não uma ilusão. Pode ser que seja tudo uma questão de costume e respeito pelo costume, uma questão de polidez. Mas não creio. O amor resiste, e a doçura, a compaixão. A polidez não é tudo, não é quase nada. Mas também o homem é quase um animal." - André Comte-Sponville

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