sábado, 12 de dezembro de 2015



"É necessário aprofundar a matéria, naquilo que nos faz sentir e, ao mesmo tempo, é a nossa fronteira material em relação ao mundo: os nossos sentidos e, em especial, o manto com o qual sentimos fisicamente a vida: a pele. 
Sabemos da importância da ternura para a nossa saúde mental, emocional e física. Aproximando-nos ainda mais ao nosso corpo, a nossa Boa Vida constrói-se também a partir da atitude de cuidado e amor em relação ao outro que se manifesta no simples gesto da carícia. Porque acariciar e ser acariciado não é só um prazer, é também uma necessidade para o nosso bem-estar, equilíbrio e desenvolvimento. As carícias são uma linguagem rica e sofisticada. Um extraordinário código de comunicação, tão eloquente ou mais que as palavras, já que nos permitem aproximar-nos do outro e crescer como seres humanos na expressão do amor.
Há carícias que consolam e há as que dão alento. Outras aliviam, algumas reconhecem, há ainda as que provocam o desejo. Há carícias vestidas de paixão e há aquelas com sabor de amizade e ternura. As carícias expressam um vasto universo de significados: gratidão, compaixão, esperança, reconciliação, cumplicidade, perdão. Porque surgem tanto do instinto mais arcaico que procura o contacto com o outro para se saber protegido, como da expressão da consciência mais elevada e de entrega ao outro.
Precisamente porque na carícia convive o animal e o humano, recorda-nos que somos pele, matéria, mas também nos abre a porta para momentos de transcendência. Talvez por isso Paul Valéry dizia que o mais profundo que temos é a pele: a recordação dos mimos e das cantilenas da mãe; dos abraços do pai; dos beijos e carícias do ser amado; o tacto da pele dos nossos filhos fazem parte das memórias mais valiosas que nos acompanham. Também a carícia que a natureza nos oferece: o tacto da terra, a casca da árvore, os pés sobre a erva, a água, o pelo do cão, os passos na areia... Qualquer um deles relaxa-nos, desperta a nossa paz interior e alegria porque nos remete para o essencial." - Alex Rovira  

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