sábado, 12 de dezembro de 2015



"Eram dois magníficos amigos que se conheciam desde crianças e eram inseparáveis. Viviam numa remota localidade da Índia e, certo dia, passou por ali uma caravana onde viajava uma lindíssima bailarina. Sentiu-se muito atraída pelos dois jovens e decidiu ficar uma temporada na localidade. Além de ser muito bela, era muito amável e solícita. Para os jovens, era altamente sugestiva e acabou por lhes roubar o coração. Achavam-na uma criatura adorável e ficavam enfeitiçados quando a mulher dançava diante deles. Durante duas semanas, os dois amigos sentiram-se encantados por desfrutarem da companhia daquela mulher fascinante. Começavam a amá-la profundamente e ela também era muito amorosa com eles. Foram semanas de paixão e alvoroço, mas um dia a bailarina disse-lhes que tinha de seguir viagem e ir a outros lugares para continuar a bailar. Já antes disso, um dos amigos tinha dito ao outro:
- Vivo atormentado pela ideia de um dia podermos ficar sem ela.
- Antes ou depois - retorquiu o amigo com calma - todos nós ficamos sem nada do que temos.
E o momento tão temido por um deles, inevitavelmente chegou. A amada bailarina partiu. Um dos amigos estava realmente desfeito, mas o outro sentia-se muito bem, pelo menos aparentemente. O amigo angustiado disse-lhe:
- Estás a ver? Vivia atormentado enquanto ela estava porque temia que um dia nos deixasse. Agora sinto-me verdadeiramente desolado, mergulhado na amargura. E tu? Como te sentes tu?
O amigo respondeu:
- Eu? Muito bem.
- Mas, como é possível? Perdeste, como eu, uma mulher maravilhosa, incomparável, de grande beleza por fora e por dentro. Que criatura inigualável!
O amigo disse:
- Reflecte um pouco comigo. Antes dela aparecer na minha vida, eu sentia-me muito bem. Ela foi como uma prenda maravilhosa quando apareceu na minha existência, e eu continuava a sentir-me muito bem. Depois ela partiu e eu continuei a ficar como antes da sua chegada, senti-me bem enquanto esteve connosco e sinto-me bem agora que partiu. O destino trouxe-ma e o destino a levou. Sinto-me, certamente, muito bem." - Ramiro Calle  

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