sexta-feira, 4 de dezembro de 2015



«Quando beberes água, lembra-te da fonte.» - Provérbio Chinês

"A gratidão é uma valiosa dádiva que vem da humildade e que ambas nos abrem caminho para uma Boa Vida. Porque a gratidão é agradável, ou seja, convida a amar. Tanto para aquele que a expressa como para aquele que a recebe, a gratidão abre a porta à partilha, ao reconhecimento, à celebração do valor do que se viveu e à presença do outro. Agradecer é reconhecer e integrar. Na gratidão gera-se um duplo movimento. Por um lado, reconhecemos o outro, aproximamo-nos dele num gesto sempre interior e por vezes exterior, manifesto; como a própria palavra indica, ao reconhecê-lo amavelmente, voltamos a conhecê-lo e acedemos a uma nova dimensão da relação que nos une. Por outro lado, quando a nossa gratidão é espontânea e sincera, recebemos aquilo que nos é dado e guardamo-lo dentro de nós. O objecto da gratidão, a partir desse instante, passa a fazer parte de nós. 
A gratidão nasce da consciência e nela a memória desempenha um papel essencial. Por esse motivo, o néscio não é agradecido, uma vez que é incapaz de reconhecer o valor que procede do outro. porque a vaidade não quer saber nada da gratidão. O vaidoso, o narcisista e o egoísta são ingratos. A sua gratidão é, no máximo, interesseira: expressam-na quando esperam favores maiores. Porque aquele que está fechado na sua própria autossuficiência, e nas couraças inconscientes dos seus complexos, não tem memória, não quer tê-la: logo, não quer reconhecer. Não porque não goste de receber, mas porque a gratidão implica manifestar a graça do outro, o que não encaixa na sua equação existencial.
No extremo oposto, o ser humano lúcido pode sentir-se espantado, comovido, por tudo quanto recebe. É assim que se experimenta a gratidão pela vida, pela saúde, pela existência do ser amado, pelo livro que revela, pela paisagem que o comove ou pela recordação que lhe dá sentido. Mas também sente gratidão pelas pequenas coisas que são grandes prazeres: uma conversa amena, um gesto simpático, um olhar cúmplice, uma carícia quase imperceptível mas desejada..." - Alex Rovira

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