sábado, 5 de dezembro de 2015



"Quando uma pessoa perde a esperança, perde a vontade de viver. Tudo se transforma num esforço, numa pesada carga que nos arrasta até ao desalento e, às vezes, ao desespero.
As coisas não estão a ser fáceis neste começo de século. Muitos pais se sentem profundamente preocupados com o futuro dos seus filhos. O progresso, com frequência, parece ir de mão dada com a destruição. Cada vez se respeita menos a natureza, os animais e, o que é pior, as pessoas. 
Os acordos internacionais não se cumprem, as promessas ficam no ar, as boas intenções não se reflectem na realidade.
Com frequência nos sentimos seres diminutos, quase insignificantes, a quem só resta padecer as consequências de tanta irracionalidade.
Na era das comunicações, curiosamente, a livre informação parece cada vez menos livre e, com frequência, só podemos contemplar o que os outros decidiram que convém que vejamos.
O que devemos fazer então? Afundamo-nos no desespero? Caímos todos na praga do desânimo? Deixamo-nos arrastar pela doença da civilização e do progresso: a depressão?...
Pessoalmente não me inscrevo nessas opções. Mas preocupa-me essa falta de esperança que muitas pessoas sentem; essa espécie de resignação perante o que parece inevitável; essa sensação de pequenez perante o mundo.
Não obstante, espero que estejamos de acordo em que nem tudo está perdido! No meio de tanta destruição também coexiste o melhor da civilização: há crianças com o olhar limpo que encarnarão o futuro, povos que se esforçam por sair da miséria, grupos que tentam ajudar os menos favorecidos, profissionais que oferecem os seus conhecimentos e o seu trabalho de forma altruísta... Concluindo, há pessoas; pessoas cheias de generosidade que encarnam o melhor do ser humano.
Mas, e nós? Voltamos a repetir, que papel nos cabe desempenhar? O que podemos fazer? Não nos afundarmos, não deixar que a desilusão ou o desespero nos arrebatem a alegria e a vontade de viver.
Há coisas sobre as quais temos pouca ou nula capacidade de influência, mas aqui tratamos aqueles aspectos que definitivamente dependem de nós e que nos podem encher de satisfação ou de infelicidade.
O ser humano é um ser sociável. Por muito que alguns se empenhem, por muito bem que nos sintamos connosco, ficaremos ainda mais satisfeitos quando nos sentirmos em «harmonia» com as pessoas de quem gostamos. 
Quando contemplamos alguma coisa que nos maravilha, às vezes parece que não podemos desfrutar dela na plenitude. Nesses momentos sentimos falta das pessoas de quem gostamos mais, e isso diz muito a favor dos nossos sentimentos, mas apesar de tudo, convém que nos acostumemos a desfrutar da maravilha que estamos a contemplar porque, graças ao mais genuíno do ser humano, depois poderemos comunicar essa sensação, podemos transmiti-la a essas pessoas de quem temos saudades, concluindo, podemos partilhá-la.  
A comunicação permite-nos viver o que não presenciámos. Todos os sentidos jogam a nosso favor: os ouvidos que escutam atentamente, os olhos que imaginam o que nos narram, o paladar que se recreia e deleita, os nossos sentidos que sentem no presente, de uma forma intensa, o que ocorreu no passado ou que nos pode esperar no futuro.
As pessoas são diferentes - felizmente. Às vezes podemos ter à nossa volta pessoas com um carácter difícil, ou mesmo pessoas amarguradas ou ressentidas; da mesma forma podemos encontrar colegas invejosos, chefes tiranos, amigos rancorosos, companheiros sentimentais desleais..., mas se dominarmos os segredos da comunicação, seremos capazes de sair airosos de qualquer situação e, o que é mais importante, não nos sentiremos em baixo, porque nos teremos preparado para nos protegermos quando a ocasião o requeira, e teremos aprendido a desfrutar à mínima oportunidade.
A comunicação, para ser boa, começará por nós mesmos. Se nos conhecermos profundamente, se conhecermos os que nos rodeiam, se dominarmos os segredos da comunicação, apesar das circunstâncias sentir-nos-emos bem, e sentir-nos-emos bem porque ficaremos sempre com a sensação de termos agido correctamente. 
A comunicação permite-nos sentir o mais profundo do ser humano. Desfrutar até ao êxtase. Encher-nos de beleza, de cores, de suavidade, de ternura e de humanidade.
Podemos estar decepcionados pelas injustiças que contemplamos pela humanidade que gostaríamos de ver e não vemos, mas jamais perderemos a esperança em nós mesmos. 
Essa esperança é a que nos ajudará a viver, a desfrutar, a lutar quando for necessário, a superar os momentos dolorosos, a não nos resignarmos perante a adversidade.
Essa esperança é a que sempre nos trará a fé de que necessitamos para continuarmos a animar-nos a cada dia, para continuar a gostar e a amar." - Maria Jesus Alava Reyes

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