quinta-feira, 21 de janeiro de 2016



"O que é verdadeiramente a solidão? Para uma pessoa saudável, que não se bombardeia com mensagens que nos fazem perder a força, trata-se de uma sensação reconfortante de tranquilidade, descanso ou concentração nos seus próprios interesses.
Para uma pessoa madura, a solidão poderia ser, ocasionalmente, negativa? Sim, mas muito pouco. Na verdade, pode apenas ser um pouco incómodo no sentido de sentirmos a falta de alguém em particular em determinado momento. Mas trata-se de um sentimento passageiro e, em seguida, concentramo-nos nos planos de tudo aquilo que de maravilhoso podemos fazer.
Numa pessoa racional, a emoção negativa a que a solidão pode dar origem é muito ligeira, quase imperceptível, como uma comichão que passa se nos coçarmos.
O melhor que podemos fazer é pensar na solidão como um tempo fantástico de síntese, de planeamento de novas e importantes aventuras. Estar só é como apagar um quadro negro para nos dispormos a preenchê-lo de actividades realmente positivas e gratificantes, escolhendo criteriosamente o que desejamos fazer e quem queremos ver. Não há qualquer pressa em agir compulsivamente. No budismo diz-se que o bom monge faz poucas coisas, mas que as poucas que faz, faz muito bem. Parcimoniosamente, desfrutando de cada acção, a pessoa madura e feliz dirige a sua vida como o pintor que trabalha na sua tela: desfrutando, criando uma obra de arte.
Aqui, na China ou em Marte - quando lá pudermos viver -, a solidão não é uma situação tão má que nos possa deixar tristes, nem sequer um pouco preocupados. O contrário não passa de uma superstição neurótica. É preciso acreditarmos nisso para que a solidão deixe de ser um problema para sempre!" - Rafael Santandreu
   

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