sexta-feira, 29 de janeiro de 2016



"Toda a problemática da auto-estima é um completo engano. Ninguém deveria ter alta auto-estima, deveríamos valorizar todos os seres humanos por igual: como seres maravilhosos pelo simples facto de sermos pessoas. Ponto final.
É algo semelhante à visão que temos dos animais selvagens. Os animais em liberdade são todos, um pouco mais ou um pouco menos, igualmente belos e impressionantes. Quase todos têm as mesmas qualidades inatas: uma águia majestosa é tão majestosa quanto outra. Um leoa é como qualquer outra: um animal magnífico que caça e reina na selva. Por que razão os homens se atribuem diferenças tão grandes entre si próprios? Não faz sentido.
Eu acredito que todos os seres humanos têm o mesmo valor. São sempre belos e magníficos. Acredito verdadeiramente nisso. E na realidade devemo-lo à nossa mais característica qualidade como espécie: a nossa grande capacidade de amar, que se encontra sempre potencialmente presente. 
A verdade é que o problema da auto-estima fica resolvido se desistirmos de avaliar os outros segundo critérios que não a nossa capacidade de amar.
Quando valorizo as outras pessoas segundo as suas capacidades ou características, bonito, rico, esperto, cumpridor... estou a dar importância a insignificâncias, a questões sem importância, que não nos definem enquanto espécie. 
Quando valorizamos outras qualidades para lá da capacidade de amar, elevamo-nos na montanha russa da auto-estima. Quando os outros nos avaliam com notas altas, sentimo-nos bem... Quando o fazem com notas baixas, sentimo-nos mal, acreditamos não ter valor, que somos inferiores. É preferível não avaliar ninguém (nem a nós mesmos), dar o mesmo valor a toda a gente, considerar que todos os seres humanos são maravilhosos apenas pelo simples facto de existirem. Desse modo, aceitar-nos-emos também a nós próprios incondicionalmente." - Rafael Santandreu 

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