sábado, 30 de janeiro de 2016



"Um dos principais conceitos de não-violência consiste em aceitar incondicionalmente os outros, independentemente do seu comportamento. Pensamos que quando as pessoas agem mal é por que estão confusas ou doentes. Digamos que estão cegas e desenvolvem toda uma série de acções estúpidas de modo a obterem supostos benefícios. Mas, na realidade, obtêm uma vida triste, agressiva e vazia.
Sabemos que, quando as pessoas se curam, se apercebem de que o seu egoísmo e violência não as levava a lado nenhum, e são capazes de voltar a transformar-se em seres humanos maravilhosos. Este tipo de transformação já aconteceu nas prisões de todo o mundo. Por isso, encaramos uma pessoa «má» como alguém que se encontra doente, mas que pode ser curado. Toda a gente é intrinsecamente boa.
Por outro lado, todos nós fomos crianças encantadoras em algum momento da nossa vida. E todos possuímos essa semente de bondade dentro de nós. Até mesmo os criminosos.
Em psicologia cognitiva, aconselhamos os nossos pacientes a que, quando se encontrarem com alguém com um comportamento incorrecto, compreendam que esse comportamento se deve ao desconhecimento, à ignorância, a uma doença emocional que os faz comportar-se assim, mas que, no seu interior, essa pessoa possui o potencial para ser alguém generoso e admirável. Dessa forma, conseguimos aceitar até os delinquentes. Este exercício permite-nos manter a mente apaziguada a qualquer momento. Com esta filosofia não permitimos que a ira ou a indignação nos invada.
Isso não significa, naturalmente, que sejamos obrigados a viver junto dessas pessoas. Podemos afastar-nos delas, pois o seu problema pode acabar por nos afectar, por nos prejudicar, mas não as iremos avaliar nem repelir enquanto seres humanos." - Rafael Santandreu  

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