segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016



"O conhecimento de si próprio só é possível em profunda solidão. Regra geral, tudo quanto sabemos de nós é a opinião dos outros. Eles dizem «és bom» e nós pensamos que somos bons. Eles dizem «és belo» e nós pensamos que somos belos. Eles dizem «és mau» ou feio... e lá vamos nós coleccionando tudo o que as pessoas dizem a nosso respeito. E essa opinião transforma-se na nossa própria identidade. E é completamente falsa, porque nenhuma outra pessoa o pode conhecer. Só você, e mais ninguém, pode saber quem é. Tudo o que os outros conhecem são meros aspectos e esses aspectos são muito superficiais. Tudo o que eles conhecem são unicamente estados de espírito passageiros; as pessoas não podem penetrar no recôndito do seu centro. Nem mesmo o seu amante pode penetrar no âmago do seu ser. Aí você está completamente só, e só aí virá a saber quem é.
As pessoas vivem toda a sua vida a acreditar no que os outros dizem, dependentes dos outros. É por isso que têm tanto medo da opinião alheia. Se eles pensam que você é mau, você torna-se mau. Se o condenam, você começa a condenar-se. Se dizem que é pecador, você começa a sentir-se culpado. E, como depende da opinião deles, é obrigado a conformar-se constantemente com essas opiniões. Ora isso cria uma escravidão, uma escravidão muito subtil. Se quiser ser considerado bom, digno, belo, inteligente, tem de fazer concessões, tem de se comprometer continuamente com as pessoas de quem depende. 
Aqui levanta-se um outro problema. Como há muitas pessoas, elas estão sempre a alimentar a sua mente com diferentes tipos de opiniões; opiniões conflituosas, ainda por cima. Como estas opiniões contradizem outras opiniões, existe uma grande confusão dentro de si.
Uma pessoa diz que você é muito inteligente, outra diz-lhe que é estúpido. Como decidir? Então fica dividido. Fica com dúvidas sobre si próprio, sobre quem é... uma ondulação. E a complexidade é muito grande, porque há milhares de pessoas à sua volta. Você está em contacto com muitas pessoas que o querem convencer das suas ideias. E ninguém o conhece nem você mesmo se conhece, pelo que toda essa colecção se amontoa dentro de si. É de loucos! Há tantas vozes dentro de si... Sempre que se pergunta quem é, surgem muitas respostas.
Algumas dessas respostas serão da sua mãe, outras serão do seu pai, outras ainda do seu professor, e assim por diante e assim sucessivamente, e é impossível decidir qual delas é a resposta certa. Como decidir? Qual o critério? É aqui que o homem se perde. Chama-se a isto ignorância de si próprio. Mas, como depende dos outros, tem medo de entrar na solidão, porque no momento que começar a entrar na solidão começará a ter muito medo de se perder. Em primeiro lugar, você não se tem a si próprio, mas, qualquer que seja o eu que criou a partir da opinião dos outros, precisa de o deixar para trás. Daí que seja muito assustador interiorizar-se. Quanto mais fundo for, menos saberá quem é. É por isso que antes de conseguir conhecer-se realmente a si próprio terá de abandonar todas as ideias que tem sobre o seu eu. Haverá um hiato, haverá uma espécie de coisa nenhuma. Tornar-se-á uma não identidade. Sentir-se-á completamente perdido, porque tudo o que você conhece deixará de ser relevante e aquilo que é relevante você ainda não conhece." - Osho

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