domingo, 25 de setembro de 2016




"Há pessoas de temperamento pessimista e negativo que, perante acontecimentos que lhes são propícios, mal ficam alegres; contudo, perante acontecimentos desfavoráveis, afligem-se e angustiam-se até mais não poder.
E há outro tipo de pessoas, com uma maneira de ser muito mais proveitosa para elas mesmas, a quem é normal acontecer precisamente o contrário: ficam muito contentes quando lhes acontecem coisas que desejavam mesmo e não se afligem em excesso se os resultados não são os esperados. 
 Um dos maiores presentes que a natureza pode ter dado a alguém é ter este segundo tipo de personalidade.
Ter um temperamento alegre é um dom que nenhuma riqueza ou poder podem substituir.
Contudo, no caso de não sermos assim, de não termos nascido com este tipo de personalidade, não nos podemos esquecer que a nossa maneira de ser também pode ser trabalhada: é moldável. Há umas palavras que aparecem no Fausto de Goethe com as quais, apesar da sua beleza poética, não estou nada de acordo: «Ao fim e ao cabo, somos o que somos. Mesmo que coloques na cabeça perucas com cem mil caracóis, que te apoies em andas com dois metros de altura, continuarás a ser sempre o que és.»
Porque afirmo não estar de acordo? Porque uma pessoa pode mudar aquilo que é: a neuroplasticidade é um facto provado.
O cérebro é moldável e, com ele, também o são os pensamentos, as emoções e os comportamentos.
O erro está em não empregar as energias próprias para moldar a personalidade e sim para, por exemplo, adquirir mais bens materiais. Agora a verdade é que aprender a ser optimista, quando não se é dessa maneira de forma inata, assemelha-se muito a aprender a falar outra língua: é necessária uma boa dose de empenho e, sobretudo, muita prática. 
E também perseverança, claro está.
Somos realmente realistas (permitam-me o jogo de palavras) quando esperamos sempre o pior? Nada é realista ou irrealista: o que existem são os nossos pensamentos sobre uma determinada situação. Podemos escolher o que queremos pensar e como reagir perante as coisas. O pensamento positivo não é novo, longe disso. Todos nós sabemos a teoria. A única coisa necessária é a prática, prática, prática, prática constante.
Habituemo-nos a procurar a parte positiva - ela costuma existir sempre - dos acontecimentos e das pessoas. Também das pessoas, sim, mesmo que seja apenas o facto de que podemos aprender com elas como não nos queremos comportar ou o que não queremos fazer. Um esforço consciente e sincero nesse sentido, o de ser positivo em qualquer circunstância, é um dos caminhos mais seguros para uma maior felicidade.
Tudo aquilo que se aprende pode desaprender-se. Se aprendemos, à força de repetições, a queixar-nos intensamente sempre que não encontramos um lugar para estacionar, podemos desaprender esse tipo de pensamento e substituí-lo por um do género: « Não é assim tão grave, não vale a pena ficar de mau-humor por tão pouco; embora me vá custar dinheiro, hoje vou arrumá-lo no parque.»
Temos de perceber que todos os dias criamos preocupações por coisas que, na verdade, não são graves, nem vitais, nem sequer importantes.
Por outro lado, estou convencido que a negatividade é contagiosa. E acho que a vida é demasiado curta para que a passemos rodeados de pessoas que expulsam a felicidade de dentro de nós como se estivessem a apertar uma esponja molhada entre as mãos. Na medida do possível, todos deveríamos tentar rodear-nos de pessoas que nos façam sentir bem. Mas a negatividade não só é contagiosa de pessoa para pessoa: também nos contagiamos a nós próprios ao repetirmos dia após dia as mesmas frases automáticas, os mesmos gestos e os mesmos padrões de conduta nocivos para o nosso bem-estar." - Clemente García Novella

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