sábado, 12 de novembro de 2016




"Escapar sempre à norma! Sabes, este é o tema do Krishnamurti e de tantos outros: «A verdade é uma terra sem caminhos.» Caminhando encontramos o caminho. Não há quem nos diga: «Olha, o caminho para a verdade é aquele.» Não seria a verdade. Se ficamos no âmbito daquilo que conhecemos, nunca vamos descobrir nada de novo. Como havemos de fazer? Viajamos por percursos conhecidos e ficamos no que é conhecido. Acontece o mesmo quando fazemos pesquisa. Se sabemos o que procuramos, não vamos encontrar o que não procuramos... e talvez seja justamente o que conta. Portanto, é um processo estranho que requer uma grande determinação, porque implica renúncia, ausência de certezas. É confortável acomodar-se ao conhecido, não é? Às oito temos o comboio, às nove abre o banco, porta-te bem, não roubes dinheiro, e por aí fora. Mas se sairmos do conhecido e procurarmos caminhos que ainda não foram completamente percorridos ou, como costumo dizer, se os inventarmos, temos a possibilidade de descobrir algo de extraordinário.

Às vezes é preciso arriscar, fazer outras coisas. É necessário renunciar a algumas garantias porque as garantias também são condições.

Cada garantia é uma condição, ou não? Se tu quiseres ter uma pensão, tens de trabalhar a vida toda para a ter. Se quiseres ter um seguro de saúde, tens de o pagar. Mas pagar um seguro de saúde significa todos os meses pôr de parte trezentos euros. Não somos livres, porque uma garantia é uma condição, é uma limitação.

Mas, na minha opinião, para todas as coisas há sempre uma via do meio. Não é necessário nem renunciar a tudo, nem querer tudo. Basta ter claro o que se está a fazer, quais são os compromissos. Existe uma armadilha e nós somos os ratos. Cuidado, a armadilha está pronta para nós." - Tiziano Terzani

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