quinta-feira, 12 de janeiro de 2017




"Uma meta alcançada não é uma meta.

A utopia, como o seu nome indica, é um não-lugar, uma meta a que só se pode chegar através da aspiração e da imaginação. Do mesmo modo que não podemos alcançar o horizonte, há destinos que têm como única finalidade fazer-nos caminhar.

A magia do horizonte reside no facto de ser um lugar inalcançável, dado que por mais que o possamos contemplar e tentemos apanhá-lo, nunca poderemos lá chegar. De igual modo, toda a utopia é um motor, uma motivação para continuar o caminho. Mas precisamos desse motor.

Dependendo da meta que tenhamos fixado para nós, é provável que nunca possamos chegar até ela. Por exemplo, um pintor que aspira à perfeição ou um atleta que queira reduzir sempre a sua marca, chocarão antes ou depois com os seus limites, com o seu próprio horizonte, mas é precisamente essa utopia que lhes permite crescer e progredir.

Como dizia William Faulkner, devemos ter sonhos suficientemente grandes para não os perdermos de vista enquanto os perseguimos.

A felicidade reside frequentemente em perseguir o impossível.

O estilo de vida a que nos vemos impelidos faz-nos acreditar que tudo se reduz a conseguir objectivos e objectos quantificáveis. Estamos tão obcecados com chegar, com queimar etapas sem nos apercebermos delas, sem aprender com elas, que não apreciamos o caminho, os seus recantos e os seus altos e baixos. Sucumbimos perante a ilusão de que se subirmos degraus no trabalho, se comprarmos um novo carro ou mudarmos de casa estamos a alcançar uma meta.

Porque, será esse o objectivo primordial da vida? Acumular objectos, desfazermo-nos dos velhos? É assim que nos devemos relacionar com o mundo?

Não seria melhor aprender com o vivido, valorizar experiências e avançar para um ideal que dê sentido à nossa vida? 

Cada instante da nossa existência faz parte dessa mochila que levamos connosco e a que podemos chamar experiência. São situações, emoções, pessoas, descobertas..., tudo isso faz parte do caminho.

Talvez nunca cheguemos até onde sonhámos, mas as oportunidades abrem-se diante de nós e podem levar-nos a novos caminhos, a novos portos de montanha que nos convidem a continuar a subir. 

Como seres humanos, devemos dar-nos autorização para sonhar. Não te sintas deprimido se o que esperas alcançar parece distante. Toda a grande meta dá um sentido à nossa vida e permite-nos apreciar o caminho, que, muitas vezes, é mais aprazível que o objectivo em si." - Allan Percy

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