segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017




"O homem exige perentoriamente a felicidade e, no entanto, não a suporta muito tempo.

Uma pessoa pode aborrecer-se de ser feliz? Será felicidade ou será a monotonia que nos indica que alguma coisa corre mal?

Está demonstrado que um ser humano não pode ser infeliz sempre nem feliz o tempo todo.

Por exemplo, considera-se que alguém que ganhou a lotaria deverá sentir-se feliz. O que essa pessoa experimenta, porém, é mais um momento de euforia. Claro que nesse momento sente-se a pessoa mais afortunada do mundo e isso pode fazê-la pensar que é feliz. Mas esse sentimento não dura sempre. Porque por mais que essa lotaria vá solucionar-lhe alguns problemas, outros surgirão que antes não tinha.

Dizendo em poucas palavras: a felicidade só pode ser temporária. A boa notícia é que a infelicidade também o é.

O filósofo francês Pascal Bruckner refere que a sociedade criou uma exigência constante de felicidade. No seu livro A Euforia Perpétua diz que parece que somos obrigados a estar contentes, a demonstrar a nossa alegria, a esconder a infelicidade. 

O ser humano está exposto a reviravoltas e altos e baixos, a circunstâncias que mudam. Precisa de avançar, mover-se, decidir. E essa necessidade implica também rupturas, abandono, sofrimento. Como defende o budismo, o sofrimento faz parte da vida. Não podemos evitar os momentos de dor, de ruptura, mas devemos apreciar o que temos. Bernard Le Bovier de Fontenelle dizia que «esperar uma felicidade demasiado grande é um obstáculo para a própria felicidade». 

É pouco realista esperar uma felicidade imensa, eterna, perdurável, que preencha tudo. A felicidade encontra-se nas pequenas coisas, nos instantes e é preciso sorvê-los como se fossem néctar de ouro.

Não podemos estar sempre alegres, o mundo muitas vezes não nos dá motivos, mas um sorriso, uma carícia ou uma conversa podem dar-nos algo melhor que essa felicidade utópica: o apego positivo aos outros e à vida." - Allan Percy

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