terça-feira, 21 de fevereiro de 2017




"- Uma noite estava numa cidade, Chicago, se bem me lembro, e vi um homem a correr atrás de um chapéu na rua que voara da cabeça de alguém com o vento. Foi atropelado por um carro e morreu.

Walker, incomodado, olhou de lado para o velho e perguntou:

- Por que diabo me contou isso?

- Acho espantoso - respondeu Jones, sempre a olhar em frente - que uma pessoa possa perder tudo, atrás de nada. - Quarenta por cento - disse -, quarenta por cento das coisas com que te preocupas nunca irão acontecer.

Voltando o olhar para o guardanapo, Jones escreveu a seguir «30%».

- Trinta por cento - disse, levantando novamente o olhar - das coisas com que te preocupas são coisas que já aconteceram, no passado, e toda a preocupação do mundo não vai alterar o que aconteceu, pois não?

Walker concordou com um aceno de cabeça.

Jones escreveu «12%» no guardanapo.

- Calculo que doze por cento de todas as preocupações têm que ver com conjecturas inúteis sobre a nossa saúde. Doem-me as pernas. Terei cancro? Dói-me a cabeça. Terei um tumor? O meu pai morreu de ataque cardíaco quando tinha sessenta anos, eu tenho cinquenta e nove. - Jones levantou os olhos. - Estás a perceber?

- Estou.

- Dez por cento - disse a seguir, enquanto escrevia - são pequenos nadas que nos preocupam sobre o que os outros pensam. - Ergueu o olhar. - E não podemos fazer nada em relação ao que os outros pensam. 

Walker inclinou a cabeça para ler o guardanapo que estava virado ao contrário, na sua frente.

- Então, se a minha matemática está certa, restam oito por cento - disse ele a olhar para Jones. - Oito por cento para quê? 

- Oito por cento para as preocupações legítimas - respondeu Jones e levantou um dedo. - Mas... é de notar que estas preocupações legítimas são coisas que se podem, de facto, resolver. A maior parte das pessoas passa tanto tempo a recear coisas que nunca irão acontecer ou que não têm resolução que ficam sem energia para aquelas poucas que poderão tentar resolver.

- Eu sou assim - comentou simplesmente Walker.

- Agora já não - respondeu Jones. - Diz-me então quais são os pensamentos imediatos que tens em mente durante, digamos, os primeiros dez minutos, ao acordar de manhã?

Walker encolheu os ombros.

- Acho que... o que tenho de fazer, a quem tenho de telefonar, as coisas que tenho de tratar primeiro. 

- Esses seriam os problemas mais urgentes do dia?

- Sim. Absolutamente.

- Certo - adiantou Jones. - Não digo que não penses nas coisas que tens de fazer... mas quero que mistures também nesses alguns pensamentos de outro género. Deixa um bloco e um lápis ao lado da cama e quando acordares, agarra neles e durante mais ou menos os primeiros dez minutos da manhã leva-os contigo para onde fores. Quero que anotes nesse bloco as coissa da tua vida pelas quais te sentes grato. Podes pôr na lista nomes, objectos, sentimentos... qualquer coisa. Não te esqueças de incluir lençóis lavados e um tecto, sabendo que há milhões de pessoas que passaram a noite sem nenhum deles. Enquanto tomas o pequeno-almoço ou decides saltar essa refeição, lembra-te de que há milhões que nunca têm essa possibilidade. Jovem, sê generoso e criativo quando fizeres a lista das muitas coisas por que tens de estar grato. Não tenhas vergonha de escrever todos os dias as mesmas coisas. E anota-as, porque simplesmente pensar nisto não dá o resultado pretendido. - Jones sorriu abertamente. - Mas já sabes isso. Afinal, a batalha que estás a travar é com a tua própria imaginação!" - Andy Andrews

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