quarta-feira, 12 de abril de 2017





"Durante muitos anos da sua vida, Buda dedicou-se a percorrer cidades, povoações e aldeias partilhando os seus ensinamentos com infinita compaixão. Mas em todo o lado há gente avessa e atrevida. Por vezes havia até pessoas que o encaravam e lhe proferiam todo o tipo de insultos. Buda jamais perdia o sorriso e mantinha um semblante de imperturbável serenidade. De tal maneira conservava a serenidade e a expressão de quietude no rosto que, um dia, os seus próprios discípulos, surpreendidos, lhe perguntaram:

- Senhor, como pode manter-se tão sereno perante os insultos?

- Eles insultam-me, mas eu não recebo o insulto - retorquiu Buda.

O nosso ego deixa-se afectar em demasia pela desconsideração, elogios e menosprezos dos outros. É a condição do ego: querer afirmar-se, temer a rejeição ou a desqualificação, precisar da aprovação e da adulação. Mas não há ninguém que agrade a todos; mesmo Buda, ou Jesus, ou Mahavira, ou Zoroastro, ou Lao-Tsé agradavam a uns e desagradavam a outros. Quando o ego recebe o insulto não lhe basta ressentir-se no momento, ainda arrasta aquele insulto durante dias, ou meses, ou anos. Tal é a reacção neurótica da mente. Alguém te insulta um dia e depois continuas a sentir-te vexado, ferido, vingativo... relembrando o insulto incessantemente. Essa é a especialidade da mente neurótica: acrescentar sofrimento ao sofrimento e cismar nos pensamentos miseráveis e pouco proveitosos." - Ramiro Calle 

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