segunda-feira, 19 de junho de 2017





"Imagine que existe um banco que todas as manhãs credita na sua conta a avultada quantia de 86 400 euros. Nem mais, nem menos: 86 400 euros diários para seu usufruto, sem que ninguém lhe peça explicações ou lhe exija que preste contas; 86 400 euros livres de impostos e para seu uso pessoal.

Imagine que a única restrição da conta bancária que lhe foi atribuída é o facto de, por uma incapacidade do sistema ou por uma decisão do donatário, não manter os saldos de um dia para o outro.

Todas as noites, ao bater a meia-noite, como acontecia com a carruagem da Cinderela, que se transformava de novo numa abóbora, a conta bancária elimina automaticamente a quantia que tinha no seu saldo. Mais grave ainda, também se desvanece cada euro levantado da conta que não tenha sido gasto ao longo do dia.

Se perder uma parte do saldo, fica-lhe o consolo de, no dia seguinte, lhe serem depositados novamente mais 86 400 euros, que poderá gastar como lhe aprouver. No entanto, não pode sentir-se demasiado seguro, porque não se sabe durante quanto tempo se manterá esta dádiva.

Que atitude tomaria?

Certamente gastaria todos os euros e desfrutaria desse dinheiro com quem quisesse, claro.

- Cada um de nós - disse eu - possui essa conta e essa dádiva.

Todas as manhãs, o banco do tempo coloca à nossa disposição 86 400 segundos e todas as noites o banco apaga o saldo e considera-o perdido.

O banco não aceita cheques pré-datados nem permite contas a descoberto.

Se não usarmos o depósito do dia, quem perde somos nós." - Jorge Bucay

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