sábado, 19 de agosto de 2017





"Para Victor Frankl, o que dá sentido à nossa vida, o que nos impele a viver, bem como o que nos sustém na adversidade, é o amor. Vivemos com sede de amar, de exprimir o nosso afecto e também de nos sentirmos amados. Na verdade, todo o ser humano se move em torno deste princípio: crescer, partilhar, cooperar, colaborar, acompanhar, cuidar, comunicar, dar e receber. No entanto, amar é uma arte que pressupõe uma aprendizagem emocional. O amor é uma inteligência, uma linguagem que se constrói a partir da confiança e da autoestima. Sem estes elementos não pode haver comunicação sincera, intimidade, entrega profunda, compromisso, encontro ou uma relação durável e de qualidade. Sem confiança e sem autoestima não pode haver compromisso, e sem compromisso não existe verdadeira qualidade em relação alguma. 

Por outro lado, o amor é, um acto, uma acção, uma expressão activa, uma vontade encarnada num gesto, um movimento, um fazer. É na dialéctica que é gerada pelo amor, e através dele, que crescemos. A relação amorosa pode levar-nos ao que de mais belo somos, e a dar o melhor de nós, mas também pode trazer-nos um enorme sofrimento. Possivelmente, o amor maduro e consciente combina o amor-próprio com o amor pelo outro. Todo o ser humano tem o direito de ser amado com dignidade. É aí que reside o limite, e também a origem de toda a relação que mereça ser qualificada como amorosa. O amor não é canibalismo físico, afectivo ou intelectual, nem dependência obsessiva, nem, pelo contrário, falta de compromisso. O amor é partilhar e construir tendo em conta as fronteiras que nos separam e as diferenças que nos definem, mas que também nos aproximam e complementam. O amor é aproximação livre e voluntária, cujo propósito é o de dar vida aos projectos desejados a partir do respeito pelas diferenças que geram sinergias. Mais do que quando fazemos amor com os nossos corpos, o amor acontece quando fazemos amor com os nossos desejos, pensamentos e projectos para, em conjunto, trazermos o amor à vida.

O amor é dar asas, respeitando o compromisso estabelecido e as expectativas forjadas a dois. Amar não é escravizar, submeter ou depender. Pelo contrário, o verdadeiro amor não é mais do que o desejo inevitável de que o outro seja quem verdadeiramente é ou possa chegar a ser, precisamente porque nos propomos a encorajá-lo a superar os seus próprios limites, e agradecemos que o ser amado faça o mesmo connosco, se esse for o desejo de ambos." - Álex Rovira

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