segunda-feira, 25 de setembro de 2017





"Não acontece mais nada. É só isto."

Gahan Wilson


"Numa caricatura do New Yorker, Gahan Wilson apresenta dois monges sentados lado a lado meditando, em silêncio e imóveis. Um deles é bastante velho e com grande experiência nos processos de meditação. O outro é jovem e apresenta uma expressão de perplexidade. É evidente que acabou de fazer uma pergunta ao seu mestre mais experiente. O monge idoso deu-lhe a seguinte resposta: "Não acontece mais nada. É só isto."

Gosto dessa banda desenhada porque, por diversas vezes, me tenho identificado com o monge mais jovem. "O que se segue agora? Não devia acontecer alguma coisa? Quando não se passa nada, não é uma perda de tempo?"

Também me agrada porque contém uma mensagem clara e importante sobre a forma como vivemos nestes tempos milenares. Tal como o jovem monge, precisamos da sabedoria daqueles que têm passado tempo em recolhimento, a escutar o seu coração, a conhecer questões que apenas o silêncio pode revelar, a absorver o silêncio que dá vida e procurando estar tão despertos quanto possível para o momento presente.

Precisamos da sabedoria dos antigos. Do conhecimento das bruxas, de feiticeiros, da sabedoria de padres e rabis, de espíritos iluminados que tenham passado algum tempo no cume da montanha.

A pergunta do monge mais jovem baseia-se num pressuposto firmemente enraizado nas nossas mentes ocidentais: o importante é aquilo que acontece. Muitas vezes até é verdade, mas "o que acontece" é também a parte que compreendemos melhor. A parte que não entendemos é a resposta do velho monge. "Não acontece mais nada." Não há qualquer acontecimento, mas existe algo. De facto, existe tudo.

A banda desenhada deixa implícito que, quando o velho monge desaparecer, o jovem assumirá o seu lugar, para que a sabedoria possa ter continuidade." - David Kundtz

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