domingo, 17 de setembro de 2017





"O mundo que hoje conhecemos está a mudar velozmente, pelo que são vários os cenários possíveis. É altamente provável que, ao longo da vida, tenhamos mais do que um par amoroso, ou que equacionemos, até, uma relação com alguém do mesmo sexo, ou com alguém de idade diferente da nossa. Numa sociedade mais livre em que cada ser humano possa optar sem quaisquer constrangimentos, medos ou culpas e viver como realmente quer, o género e o tempo passarão a ter outros significados, pelo que o critério a prevalecer será, sobretudo, o do amor autêntico, e cada vez menos o do amor condicionado.

Tudo isto poderá acontecer independentemente dos filhos que venham a nascer ou do modelo familiar escolhido. Este será o grande tema dos próximos anos, tendo em conta as previsíveis mudanças tecnológicas relacionadas com a maternidade e o encaixe da vida profissional, social e familiar com a realização pessoal, que desencadearão tomadas de decisão em torno da forma como queremos viver. Apesar de parecer uma utopia, isso já está a acontecer. Platão ficaria contente pelo facto de estarmos a sair da caverna. 

Estamos, com efeito, a mudar a forma como nos relacionamos e as expectativas em torno do par amoroso. Os papéis clássicos do homem e da mulher estão a mudar, dando lugar a uma preponderância da integração das dimensões masculina e feminina. Cada vez se amará mais a pessoa em si, e o género passará a ser um aspecto relativo. Os arquétipos do homem machista e da mulher submissa tendem a extinguir-se.

A título de exemplo humorístico, segue-se um fragmento de um texto de Héctor Faciolince intitulado «La mujer Brava», que fez furor na Internet:

Aos machistas de todas as idades a quem aparecem, agora, de chofre, estas novas mulheres, mulheres de verdade que não se submetem e que protestam, e por isso continuamos a sonhar a bom sonhar com jovens perfeitas, de carácter dócil, que não nos tragam problemas. Porque estas novas mulheres exigem, pedem, dão, tomam a iniciativa, repreendem, contradizem, falam e só se despem se lhes apetecer. Estas novas mulheres não acatam ordens, não podemos deixá-las penduradas ou encafuadas em silêncio. Não aceitam papéis subordinados e postos subalternos. As mulheres novas estudam mais, sabem mais, têm mais disciplina, mais iniciativa, e por isso mesmo torna-se mais difícil encontrarem um homem, pois não há machista que não as tema.

Contudo, se os homens conseguissem dominar o burro machista que os habita, essas novas mulheres seriam as melhores das companheiras. Se chegássemos a conhecê-las, se lográssemos permitir que nos corrigissem, que refutassem as nossas ideias, que nos assinalassem os erros que teimamos não ver, que nos subtraíssem impiedosamente a vaidade, dar-nos-íamos conta de que essa nova paridade até seria agradável, pois tornaria possível uma relação entre seres humanos iguais, em que ninguém mandaria e ninguém seria mandado." - Xavier Guix

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