segunda-feira, 4 de setembro de 2017





"Todo o abraço contém um apaziguamento, uma busca de nós mesmos em que nos abrimos, mas, ao mesmo tempo, nos contemos, nos recolhemos e reconhecemos os nossos limites. Pedir um abraço é mais do que um simples pedido: é, também, um acto de entrega.

O amor autêntico não é lamechas, ou seja, não é apenas um sentimento bonito e romântico, e exige entrega, desapego e dádiva. Por tudo isto, o amor é mais do que um mero sentimento passageiro. O amor é, antes de mais, um estado do ser. Assim sendo, as nossas condutas amorosas podem ser geradas pelo sentimento espontâneo, o que significa que serão altamente condicionadas e aleatórias, ou então podem emanar da decisão de amar, da atitude escolhida de querer ser e agir a partir do amor.

Tudo aponta para a conclusão de que o afecto nos conduz aos extremos das experiências mais radicais da vida, tanto em termos de felicidade como de fragilidade, sendo que ambas carecem de expressão e recepção afectiva. A sua ausência determina um sentimento de privação, como se a experiência não se completasse. Talvez seja por isso que o afecto subjaz a praticamente tudo o que fazemos. Procuramos continuamente transacções afectivas que nos façam sentir vivos, queridos e reconhecidos. O ser humano busca o amor porque o amor é a sua fonte primordial. A sua sede é apaziguada apenas quando bebe, uma e outra vez, do manancial de vida que é o afecto." - Xavier Guix

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