quinta-feira, 16 de novembro de 2017





"A maneira de dissolver a nossa resistência à vida é encará-la de frente. Quando sentimos ressentimento por o quarto estar demasiado quente, podemos enfrentar o calor e sentir a sua fogosidade e o seu peso. Quando sentimos ressentimento por o quarto estar demasiado frio, podemos enfrentar o frio e sentir o seu gelo e a sua mordedura. Quando temos vontade de nos queixar da chuva, em vez disso podemos sentir a sua humidade. Quando nos preocupamos por o vento estar a agitar as nossas janelas, podemos enfrentar o vento e ouvir o seu som. Interceptar e curar as nossas expectativas é uma prenda que podemos oferecer a nós próprios. Não há cura para o calor e o frio. Eles persistem para sempre. Depois da nossa morte, o fluxo e o refluxo da maré perdurarão. Tal como as marés, tal como o dia e a noite - é esta a natureza das coisas. Ser capaz de apreciar, ser capaz de observar atentamente, ser capaz de abrir a mente - é este o cerne da maitri.

Quando os rios e o ar estão poluídos, quando as famílias e as nações se encontram em guerra, quando os vagabundos sem-abrigo enchem as estradas, esses são os sinais tradicionais de uma era de trevas. Outros, consistem no facto de as pessoas estarem envenenadas pela dúvida pessoal e tornarem-se cobardes.

Praticar o amor compassivo em relação a nós próprios parece ser uma maneira tão boa como qualquer outra de começar a iluminar a escuridão dos tempos difíceis.

Estarmos preocupados com a nossa auto-imagem é o mesmo que sermos cegos e surdos. É como estar parado no meio de um grande campo de flores silvestres com um capuz preto na cabeça. É como aproximarmo-nos com tampões nos ouvidos de uma árvore cheia de pássaros a cantar.

Há imenso ressentimento e imensa resistência à vida. Em todas as nações, é como uma praga que escapou ao nosso controlo e está a envenenar a atmosfera do mundo. Neste ponto, talvez seja mais sensato reflectir nessas coisas e começar a adquirir o treino do amor compassivo." - Pema Chödrön

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