sexta-feira, 17 de novembro de 2017





"Não há como negá-lo: a vida não é justa. Mas, paradoxalmente, se pensarmos bem nisso, a vida é mais do que justa. É até um milagre conseguirmos aguentar assim a vida. É também nos nossos piores momentos de perda e desgosto que mais sentimos esperança, fé e plenitude.

É nosso desconhecimento, contemplando o abismo, que muitas vezes descobrimos as verdades mais profundas da vida. Gratidão. Perspectiva. Fé. É nesses momentos puros e transformadores que melhor compreendemos e reverenciamos a vida, tal como ela é. Do vazio total, passamos à plenitude. O silêncio impregna-se de significado. A dúvida resulta numa compreensão mais profunda. Os elos que mantemos com as pessoas tornam-se preciosos. Encontramos na quietude um conforto que não conhecíamos. Descobrimos na irreverência bom humor e ligeireza. Percebemos que fazemos parte do mistério da vida e a entrega a esse conhecimento ajuda-nos a sair do nosso desespero.

A vida não é justa... mas, ao mesmo tempo, é mais do que justa.

Por vezes, são os momentos mais difíceis da nossa vida que nos fazem sentir verdadeira esperança - uma fénix que renasce das cinzas da nossa perda. Tal como escreveu o poeta do século XII Rumi: «A dor pode ser um jardim de compaixão.»

Vivemos numa sociedade que prescreve um comprimido para tirar todas as dores. Uma diversão para preencher cada vazio. Um remédio para cada problema. As pessoas não têm muito espaço para se deixarem estar uns momentos mergulhadas em incerteza e para enfrentarem o vazio que sucede a uma perda. Mas se conseguirmos ter esse espaço e se pudermos ficar nele o tempo suficiente, encontramos a plenitude que se esconde atrás do vazio. A benção por detrás do sofrimento. A certeza por detrás da dúvida. Pode ser tão simples como deixarmos de tentar manter tudo sob controlo e permitirmo-nos respirar.

Não estou a falar de uma esperança ou fé sintética e fabricada. Estou a falar em ter uma verdadeira esperança, como a que advém da humildade. São essas coisas que nos tornam mais profundos e que nos desenvolvem o carácter, transformando-nos em versões de nós próprios com mais força, resiliência e qualidade. São essas coisas também que nos tornam recursos inestimáveis para as outras pessoas, porque passamos a transmitir segurança, a demonstrar sensatez e deixamos de julgar os outros - somos testemunhas imparciais e esclarecidas ao lado de quem viu os seus sonhos desfeitos. E reservamos um espaço de esperança para essas pessoas. 

Ironicamente, quanto mais nos mentalizamos de que a vida não é justa, mais ela nos dá a capacidade para reconhecermos todos os aspectos em que é mais do que justa. Para darmos valor a esses aspectos. Para os saborearmos. Para vivermos com gratidão." - Ken Druck

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