quarta-feira, 15 de abril de 2015



"Se andarmos sozinhos na estrada, precisamos de ser encorajados de qualquer maneira, e mesmo que as observações sejam ilusões, são ilusões necessárias à nossa existência. E se não formos vivificados por fantasias - aqui estou eu neste carro velho a atravessar o mato, aqui estou eu no seio de um povo tribal envolvido num ritual - a experiência será desmoralizadora. Mas a vaidade implícita incomodava-me, porque ser um fantasista em viagem é apenas autocontemplativo, e muito se perde na tradução.
Procuro algo sobre que escrever, porque é essa a natureza desta viagem, e talvez da maioria das viagens: ver algo novo, um estímulo; satisfazer a curiosidade, um prazer; seguir um itinerário, uma narrativa. Mas por trás de tudo isto, e sobretudo a alimentar a fantasia, está a necessidade de o viajante se encontrar em liberdade num sítio exótico, estar longe, criar uma narrativa de risco e descoberta, imitar os hábitos dos antigos viajantes, descobrir semelhanças e diferenças. 
O meu viajante ideal é a pessoa que vai à maneira antiga e laboriosa ao encontro do desconhecido, e é esta convicção que subjaz à minha viagem e me impele. Quero ver as coisas como elas são, ver-me como eu sou." - Paul Theroux

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