quarta-feira, 27 de maio de 2015



"A «respeitabilidade»é uma maldição, é um mal que corrói a mente e o coração. Insinua-se sem se dar por ela e destrói o amor. Ser «respeitável» é sentir-se com sucesso, é fabricar para si mesmo uma posição no mundo, é construir à sua volta um muro de certezas, dessas certezas que vêm com o dinheiro, o poder, o sucesso, a capacidade ou a virtude. Essa exclusividade arrogante alimenta o ódio e o antagonismo nas relações humanas, que constituem a sociedade. Aquele que é «respeitável» faz sempre parte da nata da sociedade e, assim, ele é sempre causador de perturbação e infelicidade. Aquele que é «respeitável», assim como o que é desprezado, está sempre à mercê das circunstâncias; as influências do exterior e o peso da tradição são para eles de excepcional importância, pois elas escondem a sua pobreza interior. Eles estão na defensiva, cheios de medo e desconfiados. O medo mora nos seus corações, portanto a intolerância rege as suas vidas; a «virtude» e a «piedade» são as suas armas. São como o tambor, vazios por dentro e barulhentos quando batidos. Aqueles que são «respeitáveis» nunca poderão estar receptivos à Verdade, pois, assim como os desprezados, eles estão encerrados na vontade de melhoria pessoal. A felicidade é-lhes negada, porque eles evitam a verdade.
Ser generoso com a mão é uma coisa, mas ser generoso com o coração é outra. A generosidade da mão é uma coisa bastante simples, dependendo do padrão cultural de cada um; mas a generosidade do coração é algo de um significado muito mais vasto, exigindo grande observação e compreensão. Diferente da generosidade do coração, a generosidade da mão é um movimento para fora, mas muitas vezes é doloroso, enganador e egocêntrico. A generosidade da mão é fácil de praticar; mas a generosidade do coração não é uma coisa que se cultive, é libertação em relação a toda e qualquer acumulação. Para se perdoar, tem de haver uma ferida; e para se ser ferido tem de haver acumulações de orgulho. Não há qualquer generosidade do coração enquanto houver uma memória identificadora, um «eu» e um «meu»." - J. Krishnamurti

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