domingo, 21 de agosto de 2016




"A nossa reacção natural à injustiça - a qualquer tipo de mágoa - é a raiva. A raiva adapta-se bem a nós. Despoleta a reacção de avançar ou fugir, ajuda-nos a sobreviver. E protege as nossas feridas. Quando cerramos os nossos punhos perto dos nossos corações e nos defendemos de sermos mais magoados, a nossa raiva e a mágoa tornam-se uma espécie de crosta, que protege a ferida recente de infectar. Mas, se a crosta ficar muito tempo, a ferida que está por baixo pode nunca sarar.
Todas as pessoas se magoam na vida. A ferida pode ser uma simples injustiça, como ter um pai insensato ou muito rígido, ou crescer com um irmão agressivo. Ou poder ser uma ferida profunda, escondida ou fervilhante. 
O dicionário Webster define o perdão como "libertar a mágoa". Tão simples como isso. Não tem nada a ver com a outra pessoa. 
O perdão não tem nada a ver com reconciliação ou com deixar o atacante impune. O perdão é o processo de desistir da mágoa ou da raiva para com a outra pessoa.
Há uma história budista sobre um monge a quem foi apontada uma arma e que foi assaltado, numa paragem de autocarro. Logo a seguir ao acontecimento, sentiu muito medo. Depois, sentiu muita raiva do atacante. Estas emoções continuaram a apoderar-se dele e, quando chegou a casa, estava a chorar. Quando o monge contou ao aluno a sua história, este disse-lhe:
- Mas, depois de tudo o que passou, porque é que está a chorar?
O monge respondeu:
- Percebi que, se eu tivesse sido criado pela família daquele homem e se tivesse passado pelas experiências dele, seria eu o homem da pistola." - Daniel Gottlieb 

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